A prefeitura de Pequim resignou-se finalmente às alterações climáticas e decidiu antecipar neste ano a ligação do sistema de aquecimento central da cidade, que ao longo do último meio século ocorria sempre em 15 de novembro.
A decisão foi divulgada na imprensa local hoje, dois dias após as temperaturas terem descido de repente mais de doze graus em todo o norte da China, interrompendo um outono extremamente ameno.
Com o frio veio também a primeira nevasca do ano na capital chinesa, que chegou um mês antes do que era normal e que foi, em parte, provocado por "meios artificiais" para aliviar a prolongada seca na região.
Segundo a agência noticiosa oficial chinesa, no sábado à noite, os Serviços Municipais de Modificação Climática dispararam 84 cargas de iodeto de prata para as nuvens, aumentando a sua densidade e provocando chuva, ou neve, se o tempo estiver muito frio, como era o caso.
Há mais de vinte anos que não nevava tão cedo em Pequim, realçou a imprensa local. O sistema de aquecimento central em Pequim funciona de 15 de novembro a 15 de março, exceto nos condomínios reservados aos diplomatas, onde o calor começa em 15 de outubro e dura até 15 de abril.
Fixadas na década de 1950, as datas têm sido muito contestadas nos últimos anos por já não coincidirem com o calendário real.
Na segunda-feira de manhã, quando um vento cortante varria Pequim, acentuando o inesperado frio, o Serviço de Fornecimento de Aquecimento Central do município recebeu dezenas de queixas de residentes, disse um funcionário. "É estúpido fixar uma data para ligar o aquecimento central", desabafou um fotógrafo chinês citado pelo jornal China Daily.
Além disso, a ligação antecipada começou hoje e deverá cobrir toda a cidade durante a próxima semana.
A antecipação irá satisfazer particularmente os residentes com mais de 60 anos de idade, que constituem já cerca de 15% (2,4 milhões) da população da cidade, e muitos dos quais vivem sozinhos. "É a primeira vez que as autoridades de Pequim fazem um ajustamento no fornecimento de calor com base nas condições meteorológicas", realçou o jornal Global Times.
(Lusa / UOL, 03/11/2009)