Conforme dados da Associação dos Produtores e Comerciantes de Sementes e Mudas do Rio Grande do Sul (Apassul), o milho transgênico pode atingir 40% dos hectares do grão no Estado. Entretanto, o Movimento dos Pequenos Agricultores acredita que a contaminação em outras lavouras pode prejudicar plantio de milho que não geneticamente modificado
A plantação de milho transgênico no Rio Grande do Sul está avançando. De acordo com dados da Associação Brasileira de Sementes e Mudas, o milho geneticamente modificado será responsável por 40% da safra brasileira de grãos em 2009/10. No estado, a Associação dos Produtores e Comerciantes de Sementes e Mudas do Rio Grande do Sul (Apassul), estima que o uso de milho transgênico pode atingir 40% dos hectares do grão.
Entretanto, um dos integrantes do Movimento dos Pequenos Agricultores do estado, Marciano Toledo, afirma que o milho geneticamente modificado não traz nenhum benefício para a saúde humana. Ao contrário, para ele, somente as empresas que desenvolvem esse tipo de tecnologia podem ter algum benefício com a comercialização de transgênicos. No caso do milho, a contaminação de lavouras preocupa os agricultores que plantam as sementes tradicionais.Conforme Marciano Toledo, uma vez contaminada, a lavoura está perdida.
Ele afirma ainda que as regras de contaminação da CTNBio se mostram ultrapassadas, perante estudos realizados no Paraná. Conforme levantamento, os transgênicos estão contaminando lavouras a mais de 100 metros de distâncias das tradicionais. Além disso, para Marciano, a legislação brasileira não aponta culpados quando há a contaminação.
“Um outro fator que diz respeito aos agricultores e consumidos, é a quebra do exercício do direito, tanto dos agricultores como dos consumidores. Então, primeiramente, aquela lavoura contaminada, o agricultor não sabe a quem recorrer e a quem responsabilizar, pois a legislação brasileira ainda não está adequadamente implementada para que o agricultor possa responsabilizar no caso de riscos e danos, de perdas de suas lavouras. A lei não diz quem a Justiça vai responsabilizar”, relata.
No Rio Grande do Sul, estima-se que 95% da produção de soja seja transgênica. Conforme Marciano, não há cultivo de algodão transgênico em nível comercial no RS, em função das condições climáticas. O agrônomo afirma que a produção de transgênicos no estado iniciou a partir de 1999 com o contrabando de sementes de soja transgênicas vindas da Argentina. As variedades tradicionais do milho estão sendo produzidas por pequenos agricultores das regiões de Canguçu, Ibirubá, Sarandi, Ipê, Antonio Prado, Vale do Rio Pardo e Vale do Taquari.
(Por Bianca Costa, Agência Chasque, 03/11/2009)