Barcelona sedia esta semana a fase final das negociações, a última reunião antes da 15 Conferência do Clima da ONU, que acontece em dezembro em Copenhague, na Dinamarca. Esta reunião é crucial para que os países assumam metas de redução de emissão e decidam quem vai colocar dinheiro na mesa para mitigar os impactos das mudanças climáticas e proteger as florestas.
"Um bom acordo para o clima ainda é possível, mas falta vontade política. Os Estados Unidos ficaram muito aquém das metas do resto do mundo e muito ainda precisa ser feito para que um acordo justo e ambicioso se concretize", disse Damon Moglen do Greenpeace nos Estados Unidos. Os EUA se comprometeram com uma ínfima meta de redução de 3 - 4% em relação às emissões de 1990. Para que a temperatura do planeta não ultrapasse os 2 graus Celsius, é necessário que os países desenvolvidos diminuam 40% de suas emissões.
Uma análise recente feita pelo Greenpeace do projeto de lei americano sobre o clima mostra que o acordo dos EUA foi comprometido por artifícios da indústria de combustíveis fósseis, minando a promessa do President Obama de liderar o mundo no sentido de encontrar uma solução para a crise climática.
Durante a reunião em Barcelona, os países em desenvolvimento - Brasil, China, Indonésia, Índia, México, África do Sul e Coréia do Sul - pretendem anunciar suas metas de corte de emissões. "É claro que agora os países em desenvolvimento estão fazendo um esforço muito maior para resolver este problema, enquanto os países industrializados parecem gastar mais tempo em desvalorizar as possibilidades de um bom acordo ao invés de tentar obter um” disse João Talocchi, do Greenpeace no Brasil.
No Brasil
Ao mesmo tempo em que o governo brasileiro planeja divulgar suas metas de corte de emissões e reduzir em 80% o desmatamento da Amazônia, a bancada ruralista se prepara para uma revanche. Na última quarta-feira, a votação do PL 6.424/05, mais conhecido como Floresta Zero, esteve prestes a acontecer, mas foi adiada para a próxima quarta-feira, após um protesto do Greenpeace. O projeto permite que proprietários que destruíram suas Reservas Legais fiquem desobrigados de recuperar o dano ambiental e autoriza a recuperação da cobertura florestal com monoculturas em 30% da área ilegalmente desmatada. "O Brasil precisa levar para a reunião de clima o desmatamento zero e vai ser impossível conseguir atingir essa meta aprovando projetos como esse”, disse Paulo Adário, do Greenpeace.
(Blog do Greenpeace Brasil, 02/11/2009)