Activistas da Greenpeace no supermercado Continente do Porto. Os activistas estiveram a informar os consumidores portugueses sobre a destruição do fundo dos oceanos em alto mar causada pela pesca industrial.
Durante duas semanas, uma equipa imparável de activistas da Greenpeace lançou o alerta para a destruição dos oceanos profundos em oito cidades portuguesas, investigou as peixarias de trinta supermercados e mobilizou milhares de portugueses para dar voz às profundezas dos oceanos.
Com o lema “No fundo do mar, nem tudo o que vem à rede é peixe” e uma “Loja de peixe” ambulante, os activistas percorreram o país de norte a sul vestidos de peixes e peixeiras para alertar consumidores e retalhistas para a devastação dos ecossistemas marinhos de profundidade.
A Roadtour Oceanos em Perigo da Greenpeace foi um verdadeiro sucesso. Entre os dias 16 e 29 de Outubro a campanha passou por Lisboa, Almada, Setúbal, Faro, Coimbra, Aveiro, Gaia e Porto.
Milhares portugueses assinaram “cartões vermelhos” contra a pesca de arrasto de profundidade e milhares mais assinaram a petição online a pedir aos retalhistas para assumirem um papel activo na defesa dos oceanos. O filme O Fundo da Linha foi visto por mais de 20.000 pessoas e a página de Facebook da Greenpeace, lançada durante a campanha, conta já com cerca de 2.500 apoiantes.
O fundo do mar nas peixarias das grandes superfícies
Durante a campanha, Greenpeace investigou as peixarias de trinta supermercados dos grupos Auchan, Sonae, Os Mosqueteiros e Jerónimo Martins. Em todos eles, foram frequentemente encontrados peixes de profundidade vulneráveis como o tamboril, o peixe espada preto, peixes vermelhos (red fish), pescada argentina, pota argentina e algumas espécies de raias e tubarões.
Estes são peixes de crescimento lento e reprodução tardia que não se adequam à pesca industrial voraz. Para além disso, a sua captura implica muitas vezes a destruição de habitats marinhos sensíveis e ainda inexplorados.
Por email, continuam a chegar denúncias de dezenas de consumidores preocupados que encontram muitas espécies de peixe ameaçadas à venda nas grandes superfícies. Entre elas, algumas vozes de espanto por descobrirem tubarões nas peixarias de lojas Pingo Doce - o supermercado que anuncia ser defensor dos oceanos.
Compromissos (ou não) dos retalhistas
Até agora, o Lidl é a única cadeia de distribuição alimentar em Portugal que assume o compromisso não comercializar nenhuma das treze espécies de profundidade vulneráveis que a Greenpeace apresentou.
Também a Auchan lançou entretanto um comunicado a informar que vai suspender a venda de espécies de tubarão ameaçadas. A Greenpeace vê esta iniciativa como o primeiro passo para a implementação de uma política de compra de peixe responsável e congratula a retalhista.
O grupo Jerónimo Martins responde mais uma vez que cumpre as normais legais previstas e nada mais. Já os restantes grupos - Sonae e Os Mosqueteiros - não responderam aos pedidos da organização e permanecem superficiais à devastação das profundezas dos oceanos.
A Greenpeace defende que o poder económico das grandes cadeias de supermercados lhes confere a responsabilidade social de proteger os recursos naturais que comercializam da extinção e assumir um papel relevante na protecção dos oceanos. As retalhistas devem actuar de acordo com a informação científica disponível e a sua consciência social e liderar uma mudança política em nome dos consumidores.
(Greenpeace Portugal, 02/11/2009)