Pré-candidata do PV à Presidência, senadora diz que mantém "conversas informais" com líderes do partido, como Heloísa Helena. Em palestra em São Paulo, Marina defende mudança na lei para regulamentar a pré-campanha eleitoral, "porque senão vira hipocrisia"
A senadora Marina Silva (PV-AC), pré-candidata à Presidência, disse neste domingo (01/11) que tem mantido "conversas informais" com líderes do PSOL, entre os quais a ex-senadora Heloísa Helena (AL), em torno da política de alianças para a campanha de 2010. Marina, que veio a São Paulo dar uma palestra para alunos de direito internacional de uma faculdade privada, disse que a definição das alianças está a cargo de uma comissão montada pela direção do PV. A senadora citou como seus interlocutores "pessoais", além de Heloísa, os deputados federais Ivan Valente (SP) e Chico Alencar (RJ) e o senador José Nery (PA). A senadora disse que apoiará Heloísa Helena, caso ela confirme a candidatura ao Senado por Alagoas.
"São as pessoas que a gente convive. (...) Mas ainda está se discutindo como vamos desdobrar essas questões. E, obviamente, [um apoio] terá de ser em cima de programas, de ideias. São conversas informais, não tem nada formalizado ainda", disse a senadora, em entrevista após a palestra.
Marina negou estar viajando na pré-campanha às custas do Senado (disse que os gastos têm sido cobertos por quem a convida a proferir palestras) e criticou a falta de legislação eleitoral específica para os meses anteriores ao período eleitoral.
A candidata do Planalto, a ministra Dilma Rousseff (PT), tem sido criticada por conta de viagem, com suposto objetivo eleitoreiro, que fez ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na região do rio São Francisco. Sem citar o nome da ministra, a senadora pregou "vigilância da sociedade". "Acho que a legislação deveria prever o processo da pré-campanha. Porque senão vira uma hipocrisia. É pré-campanha, mas não existe campanha."
A senadora se esquivou da pergunta sobre se Dilma, que deverá liderar a comitiva brasileira na 14ª conferência da ONU sobre o clima, em dezembro, em Copenhague, seria a autoridade mais indicada para a tarefa. "Quem vai chefiar a delegação é uma decisão do governo. Se tem uma proposta tomada, decidida, transparente, discutida com a sociedade, o porta-voz vai ter que se ater à proposta", disse Marina, para quem a proposta governamental está atrasada, "não existe".
Na palestra de uma hora para cerca de 300 alunos da Faap (Faculdade Armando Álvares Penteado), a qual encerrou com uma poesia sua, Marina desenhou um futuro catastrófico para a humanidade por conta do aquecimento global, "caso nada seja feito". "Estamos vivendo numa esquina civilizatória, temos que virar para o lado certo". "Falando desse jeito, parece uma coisa ecoterrorista", brincou a senadora. A plateia riu.
(Por Rubens Valente, Folha de S. Paulo, 02/11/2009)