O Brasil e o Irã podem trocar experiências no uso de energia nuclear para fins pacíficos e adotar posições similares em defesa da pesquisa diante das restrições de organismos internacionais. O vice-ministro de Assuntos de América do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Alireza Salari, disse que a área diplomática dos dois países está fazendo trocas de documentos sobre acordos que podem ser assinados entre os presidentes Luiz Inácio da Silva e Mahmoud Ahmadinejad, do Irã, em visita ao Brasil prevista para este mês. A seguir, parte da entrevista exclusiva feita pela Agência Brasil com Salari:
Agência Brasil - O que poderá ser tratado na visita do presidente Mahmoud Ahmadinejad ao Brasil?
Alireza Salari - Houve algumas trocas de documentos, que estão na fase final, entre a diplomacia dos dois países. Envolvem acordos em diversos campos: área de energia, cultural, até a área consular e de vistos. O objeto de todo esse esforço é elevar nossas relações, de um estado simples como é hoje, para laços permanentes no futuro.
É um objetivo a ser construído em quanto tempo?
Salari - Temos que considerar que as relações bilaterais que existem entre nossos países também têm inimigos. Os sionistas, que enviaram durante vários anos recursos para a América Latina, ajudaram muitos golpes de Estado e são os grandes inimigos da democracia. Esses grupos não querem que haja um desenvolvimento das relações do Irã com o Brasil. Eles usam o poder que têm na mídia regional para dificultar.
Na questão da energia nuclear, o que pode ser tratado nesse encontro?
Salari - Ainda não está bem definido quais são os campos de acordo na área de energia. Certamente o assunto será tratado entre os dois presidentes dentro de uma visão positiva.
Os dois presidentes podem tirar uma posição comum em defesa do uso da energia nuclear para fins pacíficos?
Salari - Consultas em diversas campos, em assuntos comuns como esse, podem existir. Nesse campo (nuclear) há muita complementaridade entre o Brasil e o Irã.
Pode ser trocada experiência nesse campo nuclear?
Salari - Sim.
Especificamente em alguma área, como pesquisa na área médica?
Salari - Esses são os campos em que os dois países também têm complementaridade, em que podem complementar a experiência de um ou outro. Há anos que estamos produzindo 80% das nossas necessidade de medicamentos. Nos últimos dois anos apresentamos ao mercado, como uma iniciativa iraniana, três ou quatros tipos de medicamentos contra o câncer e antidiabéticos. Desenvolvemos acordo com países vizinhos para exportar esses medicamentos ou mesmo permitir a produção. Na América, a Venezuela é um desses países, e podemos também fazer esse tipo de acordo com o Brasil.
(Por Ivanir Bortot, com edição de Graça Adjuto, Agência Brasil, 02/11/2009)