(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
energia nuclear no brasil angra 3 central nuclear do nordeste
2009-11-01

A economia venceu o temor nuclear. De olho nos cifrões gerados com a instalação das centrais de energia, cidades e estados disputam a localização das novas usinas, que serão construídas nos próximos anos, marcando a retomada do programa nuclear brasileiro.

Angra 3 está com obras a pleno vapor, o que já aquece a economia local. Além dela, serão construídas duas novas centrais no Nordeste — e a disputa entre Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco para receber esses investimentos é intensa. O governo federal também planeja outras duas centrais na Região Sudeste e sinaliza que, até 2030, poderão ser acrescidas mais quatro usinas no país: no total, seriam de quatro a oito usinas novas em 21 anos.

O objetivo das cidades e estados é atrair investimentos diretos de R$ 7 bilhões, cerca de seis mil empregos e uma capacidade de aumentar a riqueza local — e os impostos — na casa do bilhão de reais, que chegam às cidades com cada central. O maior risco da disputa, além da velada “ameaça atômica” que não sai do imaginário popular, é a favelização dessas áreas, como ocorreu com Angra dos Reis nos anos 1970.

Em Angra, população cresceu 50% em quatro anos
A própria cidade do litoral sul do estado acredita que aprendeu com os erros do passado e adota medidas preventivas para evitar uma massa migratória, o que poderia anular os ganhos econômicos que já começam a surgir com a retomada das obras de Angra 3, paradas desde 1986.

A construção de Angra 3 ainda está nos alicerces, mas a prefeitura de Angra comemora: receberá R$ 150 milhões como contrapartida da Eletronuclear, graças a um acordo fechado no fim de setembro. O dinheiro, que representa um terço do orçamento anual da prefeitura, será recebido em seis parcelas anuais e será destinado a meio ambiente, saúde, educação e saneamento. Mas esse é apenas o primeiro sinal econômico da nova central. Nove mil empregos, aumento do comércio local em 10% e novos negócios deverão vir para a cidade junto com os reatores nucleares.

— Acreditamos que poderemos ter até nove mil funcionários no pico da obra. A população aceita a nova usina com a esperança da empregabilidade — afirma Carlos Alexandre Soares, secretário do governo de Angra dos Reis.

A cidade, que já soma 160 mil habitantes, tenta, porém, evitar uma nova corrente migratória. Na construção das duas primeiras usinas, Angra viu sua população crescer 50% em quatro anos. Agora, quer utilizar a mão de obra local para a construção da nova usina.

Uma das principais medidas, segundo a prefeitura, é a proibição de alojamentos para trabalhadores nos canteiros de obras. A Eletronuclear e a Andrade Gutierrez prometem treinamento de pessoal, mas as próprias autoridades admitem que os moradores da região só deverão ocupar entre 70% e 80% das vagas, justo as de menor qualificação — e salários.

— O sindicato e a prefeitura estão cadastrando os trabalhadores, mas vemos que nas casas das pessoas do Nordeste cada vez aparecem mais novos moradores, que também se apresentam e que às vezes conseguem emprego antes da gente — afirmou Mariano Balbino da Silveira, capixaba que veio para a cidade na construção de Angra 1 e constituiu família na comunidade do Frade, umas das três áreas da cidade inchadas com a atividade nuclear.

Atualmente 850 funcionários já estão nos canteiros de obras preparatórios do terreno de Angra 3, segundo Donato Borges da Silva Filho, presidente do Sindicato da Construção Pesada de Angra dos Reis e Paraty. Esse número chegará a 1.500 em janeiro — o início oficial da construção da usina será 1o. de dezembro, em cerimônia que contará com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Apesar disso, ele reclama dos baixos salários: um pedreiro recebe R$ 870 por mês, acima do piso local (R$ 856) mas abaixo do piso carioca (R$ 1.100). Mas muitos estão alegres, como o angrense Benedito Baneto, que aos 66 anos voltou ao trabalho para construir sua terceira central nuclear. Angra 3 tem um significado especial para Baneto: a nova usina fica no terreno de sua casa na infância, quando vivia da roça naquele trecho costeiro:

— Estou tentando colocar meu filho de 23 anos na obra.

As imobiliárias locais também começam a sentir o aquecimento dos negócios. O corretor Robson Carlos Nepomuceno viu seu número médio de contratos novos de aluguel saltar de 35 a 40 por mês para 70. Ele prevê que, no pico das obras, alguns preços podem quadruplicar. Essiomar Gomes, presidente da federação de comércio local, estima que o movimento deverá crescer em 10% graças às obras:

 — Principalmente nos setores de alimentos e material de construção.

Nordeste terá 20 cidades na briga em 3 meses
Depois de Angra, agora é a vez de o Nordeste receber usinas nucleares. Ao contrário do que ocorreu com a instalação de Angra 1 e 2, muitas cidades estão na disputa para as duas novas usinas nucleares que o governo quer instalar na região.

Os quatro estados onde poderão ficar as centrais — Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco — mostram interesse, e algumas prefeituras começam a se movimentar na disputa, ainda velada: a lista das 20 cidades potenciais candidatas deverá ser conhecida em três meses. A grande vencedora será definida no segundo semestre de 2010.

O motivo é econômico. Segundo a Eletronuclear, são cerca de R$ 7 bilhões em investimento para cada usina. Na etapa da construção, que dura cerca de seis anos, a cidade ganha 1.662 empregos diretos e 1.387 indiretos, além de 2.100 empregos que são gerados em diversos pontos do país.

— A economia na cidade da usina registra um ganho de valor de R$ 9,9 bilhões durante as obras. Na fase da operação, que pode durar até 80 anos, os benefícios continuam — afirma Drausio Atalla, supervisor da presidência da Eletronuclear para Novas Usinas.

Durante o funcionamento de uma central, segundo a Eletronuclear, são gerados na cidade cerca de 1.012 empregos diretos e 169 indiretos. Como recebem bons salários, cerca de R$ 6 mil por mês, os funcionários da usina continuam a movimentar a economia.

— Estas usinas podem mudar o perfil socioeconômico de Alagoas — prevê Luiz Otávio Gomes, secretário de Desenvolvimento Econômico do estado.

Segundo ele, Bahia e Pernambuco já são estados “desenvolvidos, a anos-luz de Alagoas”. E Sergipe já teria “roubado” de seu estado a sede regional da Petrobras.

— Temos seis áreas boas para a usina, principalmente no litoral sul do estado, região praticamente virgem — disse.

Os governos de Pernambuco e Sergipe não se pronunciaram, apesar de apoiarem a instalação das usinas. O governador da Bahia, Jaques Wagner, disse esperar uma decisão técnica:

— Não podemos fazer com que os estados iniciem um enfrentamento — afirmou.

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, quer que seja inaugurada uma central por ano no país entre 2030 e 2060. Para isso, será necessário, em sua opinião, permitir que empresas privadas atuem no setor. O governo também prepara um projeto para criar uma agência reguladora do setor nuclear. O texto está em discussão em 11 ministérios em Brasília.

A Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben) é contra a medida. Para seu presidente, Guilherme Camargo, isso poderia fazer com que se perdesse competitividade e “a inteligência nacional” do setor.

Greenpeace vê danos ambientais
Se cada vez mais as usinas nucleares são apontadas como novas estrelas do meio ambiente, por não poluírem e serem mais seguras, o Greenpeace vê graves problemas em sua cadeia produtiva. Segundo o grupo, a extração do urânio na Bahia é caótica, está contaminando rios da região e causando câncer em trabalhadores locais, com total negligência da INB, estatal que explora o minério.

— Fizemos fiscalizações em outubro de 2008 e comprovouse contaminação nos rios da região. Esta semana, voltaram ao local e viram que nada foi feito — afirma André Amaral, coordenador da entidade.

Otto Bittencourt Netto, diretor de Recursos Minerais do INB, diz que a denúncia não se sustenta. Para ele, além de a pesquisa do Greenpeace ser feita sem critérios ou registros, ela não tem fundamento:

— A região é rica em urânio e ele naturalmente pode ir às águas, isso existia antes da usina — disse, ressaltando fazer um forte controle da atividade.

(Por Henrique Gomes Batista, O Globo / IHUnisinos, 01/11/2009)


desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -