Moscou reivindica para si um amplo trecho do leito Ártico, que se torna navegável com o efeito estufa
A Rússia planeja um amplo projeto de pesquisa científica para dar apoio a sua reivindicação de soberania sobre um amplo setor do Oceano Ártico, onde o subsolo é rico em energia. Com o aquecimento global, essas riquezas, antes inacessíveis por conta das espessas camadas de gelo que cobriam o mar, poderão ser exploradas.
Navios quebra-gelo abrirão caminho para as embarcações científicas numa série de missões ao longo dos próximos três anos, para conduzir uma detalhada análise geológica do leito marinho, disse Andrei Smirnov, vice-diretor da estatal Atomflot, que controla a frota de quebra-gelos.
Moscou reivindica para si um amplo trecho do leito Ártico, alegando que se trata de uma extensão de sua plataforma continental. Em 2007, cientistas marcaram simbolicamente a reivindicação, ao soltar uma bandeira russa a partir de um submarino. Estados Unidos, Canadá, Dinamarca e Noruega também tentam estabelecer jurisdição sobre partes do Ártico, onde pode estar um quarto das reservas ainda não descobertas de gás e petróleo do mundo.
A disputa vem crescendo em meio ao encolhimento da calota de gelo polar, que já abriu rotas navegáveis na região. Smirnov disse que pesquisadores russos pretendem lançar uma missão ártica em junho de 2010. Ela incluirá um quebra-gelo nuclear e um navio de pesquisa. Ele disse que missões similares ocorrerão em 2011 e 2012.
Moscou apresentou sua primeira reivindicação de posse do leito marinho ártico às Nações Unidas em 2001, mas o pedido foi rejeitado por falta de provas. O cientista polar Artur Chilingarov, recentemente nomeado como principal autoridade russa para questões do Ártico, disse que a Rússia poderá reapresentar o pedido á ONU em 2013, depois de reunir dados científicos.
(AP / Estadao.com.br, 30/10/2009)