Bloco propõe que combate a aquecimento em países subdesenvolvidos tenha US$ 150 bilhões ao ano
A União Europeia chegou nesta sexta (31/10) a um acordo sobre como financiar o combate à mudança climática nos países em desenvolvimento, mas não disse quanto dinheiro está disposta a pôr sobre a mesa. Num encontro em Bruxelas, líderes europeus disseram apenas que o bloco contribuirá com "uma fatia razoável" de um fundo de 100 bilhões de euros (US$ 148 bilhões) ao ano, e exortaram outras potências mundiais a fazerem o mesmo.
Após dois dias de racha entre os Estados-membros mais ricos e os mais pobres da UE, o bloco concordou em apoiar uma proposta do Reino Unido de pôr um preço no combate à mudança climática. A falta de acordo sobre o financiamento às ações de adaptação e mitigação (redução de emissões) nos países em desenvolvimento, especialmente após a crise financeira, é uma das principais ameaças ao sucesso da conferência do clima de Copenhague, em dezembro.
Os países desenvolvidos querem que os países em desenvolvimento reduzam suas emissões de gases-estufa, mas estes condicionam sua ação ao auxílio financeiro dos ricos. "Temos uma mensagem clara, ambiciosa e unificada sobre financiamento climático, e podemos levá-la a Washington, a Pequim, a Nova Déli", disse o presidente da Comissão Europeia, Manuel Durão Barroso. "Vamos fazer de Copenhague um sucesso", continuou.
Barroso alertou, no entanto, que o compromisso europeu não seria "um cheque em branco". "Estamos prontos para agir se nossos parceiros cumprirem suas promessas." Além disso, do total proposto de 100 bilhões de euros, entre 22 bilhões e 50 bilhões viriam de fundos públicos, nos quais a contribuição europeia por ano seria de até 10 bilhões de euros.
Os países do Leste Europeu, que durante a cúpula de Bruxelas resistiram a dar dinheiro aos países em desenvolvimento, farão uma contribuição menor. Também por pressão deles, a União Europeia só vai colocar dinheiro no fundo climático a partir de 2013. "Nós podemos agora olhar o resto do mundo nos olhos e dizer que fizemos nosso trabalho, que estamos prontos para Copenhague", disse Barroso.
As ONGs, no entanto, criticaram a oferta europeia. "A UE falhou em usar essa oportunidade para falar menos e pagar mais", disse Joris der Blanken, do Greenpeace, esperando que Barack Obama quebre o impasse em Copenhague.
(Folha de S. Paulo, 31/10/2009)