(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
enriquecimento de urânio energia nuclear no brasil política nuclear
2009-10-31

A pressão para que o Brasil assine o Protocolo Adicional do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), que permitiria inspeções não programadas em suas unidades de enriquecimento de urânio, provocou embate entre estrangeiros e brasileiros durante seminário nesta sexta (31/10) no Rio.

A pressão mais forte veio do ex-chanceler australiano Gareth Evans, do parlamentar alemão Rolf Mützenich e do belga Pierre Goldschmidt, ex-diretor de Salvaguardas da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica). No seminário, promovido pelo Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais) para discutir a conferência de revisão do TNP, marcada para maio de 2010, os dois últimos chegaram a insinuar que o programa nuclear brasileiro teria fins ocultos. "Afirmar que o Brasil proíbe em sua Constituição o desenvolvimento de armas atômicas não é mais suficiente", disse Goldschmidt.

A defesa do protocolo também foi feita, sem menção ao Brasil, pela representante especial da Casa Branca para Assuntos de Não Proliferação, Susan Burk, e por Christian Burgsmüller, representante da União Europeia. O argumento principal é que o país deveria "dar exemplo" aos que resistem a assinar o protocolo ou, como no caso do Irã, tentaram esconder da AIEA a quantidade de urânio enriquecido produzida.

Os participantes brasileiros reagiram. "O Brasil cumpre todas as normas da AIEA e acredito que eventualmente assinará o Protocolo Adicional, mas não fará isso diante de uma intimação e acusações que não são legítimas", afirmou o embaixador aposentado Marcos de Azambuja, do Cebri, sob aplausos de boa parte dos cerca de 300 espectadores.

Sérgio Duarte de Queiroz, diplomata que é alto representante do secretário-geral da ONU para o Desarmamento, atacou Goldschmidt por citar declaração do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) a favor da bomba: "Dar crédito a opiniões individuais não é justo". O Protocolo Adicional, de 1997, visa detectar defasagens entre a quantidade e o teor do urânio enriquecido declarados pelos países e a realidade. Foi ratificado por 93 dos 189 membros do TNP.

A adesão é voluntária, mas os países sem a bomba foram pressionados pelas cinco potências atômicas reconhecidas (EUA, Rússia, França e Reino Unido) a aderir. As potências não têm a obrigação de submeter todas as suas instalações a inspeções. O Brasil argumenta que o protocolo é importante para recalcitrantes, mas que seu caráter de "não confiança" não se aplica a seu histórico de signatário de três tratados de não proliferação -o próprio TNP, o Tratado de Tlatelolco e o acordo que criou a Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares, de fiscalização mútua.

Leonam dos Santos Guimarães, da Eletronuclear, apontou que o país é o único que permite inspeções nas instalações militares de pesquisa, em Aramar (SP) -onde o urânio é enriquecido a 20%, o teto permitido para fins pacíficos pelo TNP. O urânio combustível das usinas de energia é enriquecido a 3%, em Resende (RJ).

Barganha
Mas há um elemento de barganha política. "A bola está do outro lado do campo. Nossa posição é uma alavanca adicional para levar os que têm armas a se desarmar", disse Azambuja. Por trás do embate está a divisão que pode implodir a revisão do TNP: como equilibrar a obrigação das potências de cortar seus arsenais com a obrigação dos demais de não produzir a bomba.

Susan Burk defendeu que o compromisso declarado por Barack Obama de buscar a redução dos arsenais mostra que há "clima para avanços". "Os EUA estão preparados para liderar pelo exemplo." Mas o especialista indiano Ramesh Thakur disse que uma posição "realista", levando em conta a existência de ao menos três países com a bomba fora do TNP -Índia, Paquistão e Israel-, exige acordo global suplementar, só sobre desarme.

(Por Claudia Antunes, Folha de S. Paulo, 31/10/2009)


desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -