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passivos da silvicultura celulose e papel mercado de carbono
2009-10-30

A indústria de papel e celulose, conhecida no Espírito Santo por desmatar mais de 50 mil hectares de mata atlântica, quer, às vésperas da conferencia de Copenhague sobre mudanças climáticas, que o setor seja incluído no mercado de crédito de carbono. A medida vem gerando protestos. Para os ambientalistas, a experiência em outros países apontou que a inclusão geraria mais desmatamentos.

A informação foi divulgada no jornal “Valor Econômico”, que informou sobre a pressão da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa) devido ao fato de dois milhões de hectares no País serem ocupados por “florestas plantadas” de eucalipto. Segundo os dados da Bracelpa, os chamados “desertos verdes” absorvem 64 milhões de toneladas de CO2 equivalente por ano, contra 21 milhões de toneladas/ano emitidas pelas 220 fábricas de papel e celulose instaladas no País.

Além do apoio de oito países que obtêm florestas plantadas (Argentina, Chile, Uruguai, África do Sul, Austrália, Nova Zelândia, Espanha e Portugal), o Brasil se aliou também a canavieiros e agricultores para formar a Aliança Brasileira pelo Clima para pressionar o governo. A rigor, dizem os ambientalistas, a proposta não traz ganhos ambientais e ainda agrega um tipo de “selo verde” a um setor responsável por desmatar, contaminar o solo e as águas e ocupar áreas tradicionalmente indígenas e quilombolas.

Há ainda outra barreira para a sua inclusão no mercado. O formato atual de Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL) prevê que os chamados “projetos florestais” trazem o risco de não permanência, já que nada garante que os eucaliptos de hoje estarão de pé no futuro.

Mas a ameaça à floresta ainda é o principal problema da proposta. Isso porque o mercado de carbono representa milhões de dólares para estas indústrias e, assim como ocorreu em outros países, o setor pode desmatar ainda mais para depois reivindicar créditos de carbono para “reflorestar” a área com eucalipto, enquanto o objetivo do planeta é manter as florestas em pé.

Se aprovada a inclusão, por exemplo, ficaria difícil ao governo brasileiro assegurar que não se está derrubando floresta para plantar cana-de-açúcar para produzir etanol, e assim, obter créditos de carbono. “O lobby do setor de papel e celulose também é o de alguns países que já desmataram muito e querem créditos para refloresta. È uma situação bem diferente da brasileira”, diz o “Valor”. Projetos de reflorestamento possibilitam o seqüestro de carbono da atmosfera. Mas a riqueza de uma floresta original, como a Amazônia, sào a biodiversidade e a influência que exerce no regime de chuvas, e não só por ser um sumidouro da floresta.

No Espírito Santo, por exemplo, já foram derrubados mais de 50 mil hectares de mata atlântica para o plantio de eucalipto em terras tradicionais. Além destes, também estão plantados eucaliptos pelo menos em mais 250 mil hectares no Estado. O plantio também pode ser visto em topos de morros, onde o plantio é proibido por lei.

Diante do desrespeito à natureza e aos milhões de dólares envolvidos - caso o setor possa participar do mercado de carbono –, dizem os ambientalistas, fica difícil acreditar que a medida não será aproveitada para aumentar as áreas de eucalipto, principalmente no Estado, onde os desertos verdes avançam sem nenhum controle.

(Por Flavia Bernardes, Século Diário, 29/10/2009)


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