O Rio Jacuí é o maior bem natural de Cachoeira do Sul, responsável por garantir o elemento básico à vida para os quase 90 mil habitantes do município e uma diversidade de espécies naturais. Ainda assim, ao longo dos anos, os cidadãos não dispensaram uma atenção protetiva para uma de suas maiores riquezas, salvo ações isoladas como as ações do padre Orestes Trevisan (pioneiro da reciclagem de lixo) e da ativista Marly Caspary (idealizadora da Operação Jacuí). E estes dois nomes foram lembrados em uma reunião histórica ocorrida ontem no auditório do Sindilojas, onde foi dissolvido o grupo Operação Jacuí, que deixou de ser uma organização não governamental, para ser uma organização da sociedade civil de interesse público, mudança que permitirá acessar recursos federais para desenvolver projetos em benefício do Rio Jacuí.
A palavra histórica não está grafada exageradamente, pois o dia 29 de novembro de 2009 ficará marcado como a data em que lideranças de Cachoeira do Sul de diversos segmentos se uniram por um bem comum, a recuperação ambiental do Jacuí e o desenvolvimento turístico da bacia hidrográfica a partir de projetos ambiciosos que ainda estão sendo gestados. O presidente do Sindilojas, Antônio Trevisan, um dos parceiros e integrantes convidados da diretoria formada ontem, foi quem lembrou os nomes do padre e da ativista Marly em um discurso que não havia sido preparado. “Aqui estão reunidas as forças vivas de nossa cidade preocupadas com nosso rio. É nossa responsabilidade deixar às próximas gerações no mínimo o mesmo que recebemos de nossos pais. Lembro que antigamente, numa linhada era uma fartura de lambaris, hoje há escassez de peixes”, disse, antes da diretoria ser anunciada e aprovada por todos.
MOBILIZADOR - O presidente da Sociedade Jacuí de Preservação Ambiental será Leônidas Doyle, que enfatizou os objetivos da organização: “Essa sociedade não quer dizer o curso d’água do Jacuí, mas tudo que está no seu entorno, afluentes, mata ciliar, sangas, fauna e flora. Precisamos de engajamento. O beija-flor sozinho que mandava a água para apagar o incêndio fazia a parte dele, mas não me deixem só”, disse, em um discurso rápido e mobilizador. Os próximos passos do trabalho são encaminhar à Brasília uma requisição para que a sociedade seja reconhecida e possa iniciar o trabalho de apresentação de projetos para receber recursos e colocar em prática alguns sonhos de explorar turisticamente o Jacuí.
(Jornal do Povo, 30/10/2009)