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reserva indígena bananal setor noroeste/brasília indígenas do cerrado
2009-10-30

Um crime sócio-ambiental está ocorrendo bem debaixo de nossos olhos. A população só conhece a versão oficial da história, que vem sendo propagada pelos meios de comunicação chapa branca, enquanto isso, a última grande reserva do Cerrado dentro da área tombada de Brasília já está sendo destruída e a comunidade indígena que cuida daquele local está sendo expulsa.

O governo arrecada uma fortuna com a chamada " Ecovila" Noroeste, que diz ser o primeiro bairro ecológico do Brasil, mas na verdade trata-se de um tremendo engodo. As verdadeiras Ecovilas que se espalham por todo o mundo são criadas em cima de áreas já degradadas pelo homem, aonde os futuros moradores irão recuperar o local , respeitando e se adaptando aos ritmos da natureza.

Na FALSA Ecovila do GDF, existe na verdade um projeto antiquado que será construído em cima de uma reserva ambiental e de um santuário indígena, projeto feito pelas construtoras da cidade e "doado" ao governo local, aonde se criou um bairro de luxo, onde o desperdício e a ineficiência serão predominantes. Verdadeiras estufas de vidro e granito climatizadas com muito ar-condicionado. O projeto contraria todo e qualquer princípio de arquitetura ambiental, não pensou-se em criar um zoneamento para preservar a reserva florestal, muito pelo contrário, a avenida principal passa justamente na área com a vegetação nativa mais preservada, e que vem sendo cuidada e mantida pelos índios que habitam a região.

A farsa do projeto "sustentável" é na verdade uma repetição de clichês do chamado "marketing verde" ou melhor “maquiagem verde”, que serve única e exclusivamente para encarecer os apartamentos (captação de água da chuva e paineis solares para aquecimento de água já é lei em várias cidades do Brasil. É uma obrigação das construtoras e não um gesto em defesa da natureza).

A cara-de-pau do governo e principalmente da imprensa vendida é tão grande que usam justamente as riquezas naturais da reserva do Bananal e citam as suas árvores (copaíba, ingá, angico, baru, açoita-cavalo, barbatimão, pimenta de macaco, jequitibá etc) como itens para vender qualidade de vida para os futuros moradores.

Eles só não dizem que as mesmas árvores estão sendo destruídas por seus tratores na calada da noite. Com esta farsa o GDF já engordou o seu cofre com 1 bilhão de reais, fora a fortuna que as construtoras irão ganhar (as mesmas que elegeram o atual governador, fora o fato de que o vice-governador é um dos maiores empresários da construção da região). E com essa fortuna circulando, está todo mundo de bico calado, os deputados distritais defendendo os seus patrocinadores de campanha, o IBRAM órgão que só sabe abençoar o que o governo manda, e os que permanecem em cima do muro, FUNAI e IBAMA que lavam suas mãos convenientemente.

Enquanto isso o cacique Korubo, guardião do local que vinha sendo ameaçado de morte está DESAPARECIDO HÁ SEIS MESES, e uma residência indígena foi incendiada de maneira criminosa. Tenho certeza que você não leu e não lerá isso no Correio Braziliense. Mas a atitude do governo e dos empresários já era esperada, estranho seria se eles se comportassem de maneira diferente.

O que não é admissível é ver a passividade do cidadão brasiliense, que terá a sua qualidade de vida extremamente prejudicada por esse tsunami de concreto e asfalto despejados em cima da última grande reserva de Cerrado dentro da área tombada de Brasília. Especialistas em trânsito já falam do caos que virá em nossas ruas, igualando Brasília às demais capitais, com engarrafamentos intermináveis e poluição do ar.

O governo fala que a cidade não tem para onde crescer, assim justificando as suas atrocidades, mas ignora que naquela região poderia ter sido feito um verdadeiro bairro ecológico. Primeiramente delimitando a reserva ambiental e o santuário indígena, depois criando verdadeiras ecovilas nas áreas degradadas (pelo próprio GDF) do local, usando os princípios do urbanismo ecológico e da arquitetura bioclimática, onde teria uma população de moradores condizente com a fragilidade do local.

Mas o que está sendo feito é o extremo oposto, uma farra da especulação imobiliária que agride a inteligência da população mais esclarecida. Brasília vai fazer 50 anos, isso aqui não é mais terra de ninguém como pensam os políticos. O ministério público em março deste ano recomendou a suspenção de todas as licenças emitidas pelo Ibama para a construção do setor noroeste por irregularidades no processo, e recomendou ainda o estudo para a demarcação da terra indígena do Bananal.

A mobilização já está sendo feita, diversas ong´s, grupos estudantis, associações de moradores já estão nesta luta, mas ainda é pouco, precisamos da SUA participação também. Junte-se a nós. PAREM OS TRATORES JÁ!!!

Contamos com a participação de todos na divulgação deste artigo, mas o mais importante será a presença física no local, para que todos possam olhar com os próprios olhos a riqueza e a beleza da reserva do Bananal, e a destruição que os tratores da “ecovila” estão causando.

Convidamos portanto para a TRILHA ECOLÓGICA NO SETOR NOROESTE. Dia 8 de novembro (domingo) a partir das 10 horas, encontro no estacionamento ao lado do canhão que fica entre o setor militar e o setor noroeste. Leve água e protetor solar. Para que todos despertem para o fato de que uma cidade é feita por seus moradores, e não por políticos com interesses próprios.

Obrigado pela atenção,

Movimento Cerrado Vivo

(Movimento Cerrado Vivo / Os Verdes de Tapes, 28/10/2009)


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