O presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad, declarou que o governo de Teerã está disposto a trocar combustível e a cooperar com as seis grandes potências na questão nuclear, em um discurso em Machhad, noroeste do país, exibido pela televisão estatal.
Segundo o canal de televisão iraniano em língua árabe Al-Alam, o Irã entregou uma resposta à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) sobre o projeto de acordo internacional para o fornecimento de combustível a Teerã dentro de um programa nuclear civil. O conteúdo da resposta, no entanto, ainda não foi divulgado.
"O Irã entregou sua resposta à AIEA a respeito do combustível nuclear", afirmou o canal, com base em uma fonte não revelada. De acordo com o presidente iraniano, as potências ocidentais passaram de uma política de confronto à cooperação na questão do programa nuclear iraniano.
"Antes pediam o fim, hoje aceitam a troca de combustível, a participação para a construção de reatores e centrais nucleares. Passaram da política de confronto à cooperação", declarou Ahmadinejad. "Recebemos de forma favorável o intercâmbio de combustível, a cooperação nuclear, a construção de reatores e centrais nucleares. Estamos dispostos à cooperação", completou.
Também destacou a determinação do Irã de prosseguir com seu programa nuclear civil, acrescentando que se tratava de seu "direito absoluto" e que seu país "não mudaria um centímetro a respeito".
Segundo diplomatas ocidentais, o "projeto de acordo" estabelece que o Irã entregue, até o final de 2009, 1.200 de seus 1.500 kg de urânio pobremente enriquecido a menos de 5% - apesar da oposição do Conselho de Segurança - para que seja enriquecido a 19,75% pela Rússia.
O representante iraniano na AIEA, Ali Asghar Soltanieh, era o responsável por entregar nesta quinta-feira ao diretor da AIEA, Mohamed ElBaradei, a resposta oficial do país ao projeto de acordo que já foi aprovado por Rússia, Estados Unidos e França. Mas, segundo o jornal árabe Javan, o Irã pretendia propor à AIEA duas possibilidades para o fornecimento de urânio enriquecido no exterior.
Na primeira emenda, o Irã propõe entregar o urânio enriquecido no nível de 3,5% de forma progressiva para obter, em contrapartida, o combustível a 20% necessário para o reator de pesquisas de Teerã.
Na segunda emenda, o Irã propõe a troca ao mesmo tempo de uma quantidade de urânio levemente enriquecido pelo combustível necessário para o reator de Teerã.
O projeto prevê que o Irã entregue 1.200 quilos de urânio enriquecido a menos de 5% para ser processado e enriquecido a 19,75% na Rússia, antes de a França fabricar "material nuclear" para o reator de Teerã.
Um acordo entre o Irã e as potências nucleares é considerado crucial para acalmar as tensões em torno do programa nuclear iraniano, puramente civil, segundo Teerã, mas que os ocidentais temem que encubra o objetivo de fabricar uma bomba atômica.
(AFP / UOL, 29/10/2009)