Os alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Nossa Senhora da Glória, de Sinimbu, recolheram desde maio 380 litros de óleo saturado. A ação começou após a adesão ao programa de reciclagem desenvolvido pelo projeto Verde é Vida, da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra). O objetivo, conforme o assessor técnico da Afubra, Nataniel Maria Sampaio, é preservar o meio ambiente por meio da coleta do óleo utilizado na cozinha e que, na maioria das vezes, não recebe o destino correto. “Decidiu-se investir nessa ideia até mesmo para estimular uma mudança de comportamento na comunidade, pois quem ganha com isso é o meio ambiente”, explica a diretora do colégio, Fátima Wink Bohnen.
A divulgação do programa ocorreu por meio de cartazes nos estabelecimentos comerciais do município e com a distribuição de panfletos aos alunos. Estes, por sua vez, repassaram a informação aos pais, como explica uma das professoras responsáveis pelo programa na escola, Iolanda Elisabeth Rodrigues. O estabelecimento de ensino fez um contato com os bares e restaurantes de Sinimbu, que consomem o óleo em grande quantidade no preparo das refeições. O produto saturado já é recolhido quinzenalmente nesses locais.
O assessor técnico da Afubra, que integra a equipe de Bioenergia, esteve no município no dia 23 e fez o recolhimento do material coletado pelos alunos. Após a coleta acontece o processo de transformação do óleo saturado em biodiesel. Sampaio também recolheu diversas pilhas, fruto de uma campanha da escola, que terão a destinação correta.
A diretora da escola ressalta a importância da comunidade seguir colaborando com a iniciativa em favor do meio ambiente. O processo de armazenagem do óleo saturado (azeite usado em frituras) é simples. Ele deve ser posto numa garrafa pet limpa, seca e sem rótulo. Isso vale também para a gordura animal (banha usada), que pode ser armazenada da mesma forma, mas separada do azeite. Quem quiser levar o óleo até a escola deve ter cuidado para que a garrafa pet esteja bem fechada e que, durante o transporte, não sofra batidas, pois isso pode contribuir para algum vazamento.
A diretora Fátima Wink Bohnen lembra que, para aquelas pessoas ou estabelecimentos alimentícios que não puderem levar o produto até a escola, o educandário faz o recolhimento no local. O contato, nesses casos, pode ser feito pelo telefone (51) 3708 1290 ou através do e-mail emefgloria@viabol.com.br. O processo de filtragem do óleo, conforme lembra a professora Iolanda, é feito pela escola, porque os resíduos provenientes da filtragem serão guardados em recipiente separado e depois recolhidos para o destino correto.
Benefícios
A cada garrafa pet entregue à equipe de Bioenergia da Afubra, a escola recebe R$ 0,50. Dessa forma, com o repasse de 380 litros o estabelecimento de ensino obteve R$ 190,00. Além da Emef Nossa Senhora da Glória, as escolas Guararapes e Carlos Boettcher Filho participam do programa no município. Cada litro de óleo despejado no esgoto tem capacidade para poluir em torno de um milhão de litros de água. Além disso, o óleo de cozinha despejado no ralo de pias atrai baratas e danifica as redes de esgoto. A professora de Ciências Janete Brandt, também responsável pelo programa, realiza uma oficina de sabão com os estudantes do 6º ao 9º ano que participam do projeto Verde é Vida. Conforme a professora, parte do óleo recolhido é transformado em sabão e vendido a um preço simbólico para os próprios alunos da escola. Ou, em determinados casos, quando o estudante possui baixo poder aquisitivo, o produto é dado em troca da mão de obra. “A oficina pode se tornar uma futura fonte de renda ao aluno, ou até mesmo economia no lar, pois ele pode preparar o sabão utilizado na limpeza das roupas e da casa”, diz Janete. A receita do sabão é simples: um quilo de soda, quatro litros de gordura (óleo ou banha), quatro litros de álcool e dois litros de água.
(Gazeta do Sul, 29/10/2009)