Uma pesquisa realizada na Capital e em 12 cidades da área de cobertura da Unimed Porto Alegre trouxe uma notícia desanimadora: a preservação do ambiente não é uma prioridade quando o assunto é bem-estar. Dos 12 aspectos analisados, o item ficou em penúltimo lugar. A análise apresentou o que os moradores consideram essencial para elevar seu ânimo e o grau de satisfação com o papel que desempenham em busca da realização pessoal. O estudo gerou o Índice de Bem-Estar Unimed Porto Alegre. Em uma escala de zero a cem, o IBE na Capital ficou em 67.
Entre questões que envolvem a separação do lixo e o consumo de produtos que causam menos impacto, a pesquisa apurou a importância do ambiente para elevar o bem-estar da população. A avaliação desse quesito ficou abaixo da média geral: 62,4.
Mesmo com contínuas iniciativas de conscientização, a posição é modesta. Os benefícios coletivos que essas ações promovem não seriam suficientes para sensibilizar.
– As pessoas pensam no seu bem-estar. As campanhas não têm sucesso porque não pegam pela emoção – diz Ariane Kuhnen, do Laboratório de Psicologia Ambiental da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
A pouca importância dada ao tema seria consequência da falta de consciência coletiva: se a destruição não acontece na frente de casa, é como se o problema deixasse de existir.
– Há um distanciamento entre o que as pessoas acham importante para elas e o que devem fazer pelo ambiente – justifica um dos coordenadores da pesquisa, Carlos Rossi.
A dificuldade para fazer essa associação também é destacada por Luis Felipe Nascimento, professor do curso de Econegócios da Escola de Administração da UFRGS:
– A situação vai mudar quando as pessoas sentirem que o ambiente tem uma importância direta na vida delas. A separação do lixo, por exemplo, não influencia diretamente a vida de quem separa.
Campanhas precisam emocionar
- As campanhas de conscientização são muito focadas na informação. A emoção precisa ser trabalhada para estimular o engajamento da sociedade.
- Uma alternativa seria trabalhar o apego: cuidar da cidade ou do bairro como se fosse a nossa casa.
- Incentivar a socialização ao ar livre ajudaria a entender que os espaços urbanos não são só locais de passagem e merecem atenção.
- Abordar o cuidado com o ambiente como um benefício individual, e não apenas coletivo, poderia sensibilizar mais a todos.
(Zero Hora, 29/10/2009)