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resíduos sólidos
2009-10-29

Mães voltam às fraldas de pano para tentar diminuir o impacto do produto descartável. Mas será que adianta?Estima-se que uma fralda descartável leve 400 anos para se decompor. Isso significa que todas as fraldas usadas até hoje ainda estão depositadas em aterros espalhados pelo planeta. Para se ter uma ideia do tamanho do problema, uma criança usa pelo menos 5 mil unidades até os dois anos. No país, apenas 30% das famílias utilizam o produto. Mesmo assim, só no Brasil, 17 milhões de fraldas são despejadas por dia no ambiente.

Buscando diminuir o impacto que o filho Mauricio, de dois anos, causa na natureza, a presidente da ONG ambiental Fundação Gaia, Lara Lutzenberger, optou por algo que pode parecer antiquado para a maior parte das mães: em casa, só fraldas de pano.

– Sempre me preocupei com essa questão. A criança tem um consumo muito alto de fraldas, que são cheias de elementos sintéticos e acabam sendo um fator poluidor grande – argumenta.

Ela adota um sistema misto, que reduziu em 80% o uso do produto descartável. Em passeios mais longos, entretanto, as fraldas plásticas são insubstituíveis.

– Não se trata de ser radical, mas de repensar o uso exclusivo desses descartáveis, que obviamente têm suas vantagens. O caminho do meio me parece o caminho correto – afirma.

Mas o que se mostra como uma opção para reduzir os danos pode se transformar em um novo problema: o gasto de água para a lavagem dos acessórios de tecido.

– O retorno às fraldas de pano aumenta o consumo de água e joga no ambiente mais resíduos de detergentes. É uma alternativa que leva ao tratamento de uma quantidade maior de água – alerta Luis Frankenberg, professor da Faculdade de Engenharia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).

É difícil determinar qual das duas alternativas agride menos a natureza. O coordenador de Gestão Ambiental da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Darci Campani, acredita que, mesmo com a necessidade de lavagem, as fraldas de pano representam a melhor solução.

– A quantidade de água é pequena, e podem ser usados detergentes menos impactantes para o ambiente, como sabão de coco ou glicerina em barra – exemplifica o professor.

Lara também questiona as críticas à lavagem:

– As pessoas não pensam na quantidade de água que é gasta na fabricação das fraldas descartáveis – rebate.

Uma alternativa seria substituir o material de fabricação do produto de plástico. Segundo Frankenberg, algumas empresas já se preocupam em utilizar matérias-primas menos poluentes.

– A combinação de algodão ou outros itens mais orgânicos com o plástico poderia tornar a degradação das fraldas descartáveis mais rápida. A preocupação da indústria, até agora, foi pesquisar materiais que levassem em conta a praticidade, a higiene e a saúde. O que precisa, nesse momento, é investir em alternativas para diminuir o impacto no ambiente – explica.

Lara observa outra vantagem do tecido: a menor quantidade de alergias e assaduras no filho.

– Quando o Maurício usa fraldas de pano, não uso mais pomadas contra assadura. Descobri que o amido de milho é uma boa solução, pois repele o xixi e ainda o deixa com o bumbum de porcelana – brinca.

Um desafio e tanto
O que a indústria deve fazer para reduzir o impacto ambiental das fraldas descartáveis:
- Diminuir a quantidade de plástico na composição.
- Usar mais produtos naturais.
- Substituir o gel sintético por um de origem vegetal.
- O uso de algodão poderia ser uma boa saída.

(Por Ismael Cardoso, Zero Hora, 29/10/2009)


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