A própria ONU está reduzindo suas perspectivas para o reunião internacional na capital dinamarquesa
Faltando poucas semanas para a conferência mundial sobre mudança climática, as Nações Unidas, países europeus e entidades que acompanham o tema já dizem que a assinatura de um tratado internacional que imponha aos países a obrigação de legal de redução de emissões de CO2 deve ficar para 2010.
"Eu diria que há 99% de certeza de que não chegaremos a nenhum tipo de acordo ratificável em Copenhague", disse Bill Hare, um cientista especializado em clima do Instituto Potsdam de Pesquisa em Impacto Climático e um especialista em negociações das Nações Unidas.
A própria ONU está reduzindo suas perspectivas para o reunião na capital dinamarquesa. O diretor da Equipe de Apoio para Mudança Climática do secretariado-geral, Janos Pasztor, havia dito na segunda-feira, 26, que "é difícil dizer até onde a conferência conseguirá chegar" porque os Estados Unidos ainda não aprovaram sua lei sobre mudança climática e os países industrializados não definiram suas metas de corte de CO2.
Ele indicou que Copenhague muito provavelmente não produzirá um tratado, mas em vez disso levará os governos o mais perto possível de um acordo sobre o conteúdo de um futuro documento. "O secretário-geral (Ban Ki-moon, secretário-geral das Nações Unidas) acredita que precisamos manter o impulso político estabelecido pelos 101 chefes de Estado e de governo que participaram da cúpula climática e continuar a ter como meta um acordo ambicioso e um compromisso político em Copenhague que leve a um acordo global com força de lei", afirmou.
Pasztor destacou que haverá uma rodada final de negociações em Barcelona, no início de novembro, e que será seguido por duas semanas de trabalho em Copenhague.
Mesmo os defensores mais ferrenhos de um pacto robusto em Copenhague já começam a olhar para novos prazos para 2010. Depois de meses dizendo que não existe um "Plano B" em relação às negociações atuais, o governo dinamarquês e outros países europeus já afirmam que as negociações de dezembro levarão, na melhor das hipóteses, a um acordo político. "Não acredito que teremos um acordo completo, ratificável, com força de lei, em Copenhague", disse a principal negociadora norueguesa, Hanne Bjurstroem. A Noruega é um dos principais governos a pressionar para um resultado positivo na Dinamarca.
Muito especialistas dizem que o acordo final terá de ser firmado ainda no início de 2010, para pressionar o Senado americano a se debruçar sobre a questão. Cerca de um terço dos senadores enfrentam eleições em novembro do ano que vem, o que poderá desviar o foco do tema. A opção de esperar pela próxima cúpula climática anual, marcada para dezembro de 2010 no México, é muito distante, disse Bjurstroem.
(AP / Reuters / Estadao.com.br, 27/10/2009)