A gripe A vai voltar. Essa é a convicção das autoridades de saúde do país, reforçada por uma nova eclosão do vírus no Hemisfério Norte. A expectativa é que a vacina chegue a tempo de conter a nova onda.
A confirmação de uma segunda onda de gripe A no Hemisfério Norte, onde as mortes recomeçam a preocupar, coloca mais uma vez em alerta o Rio Grande do Sul. Paralelamente ao recrudescimento da doença nos Estados Unidos, que levou o presidente Barack Obama a decretar situação de emergência no país, a Secretaria Estadual da Saúde pôs em sobreaviso o sistema público de saúde.
Com 201 mortes por gripe A de um total de 1.368 no país, o Rio Grande do Sul prevê a ocorrência da nova fase de transmissão em breve:
– Vamos ter a segunda onda, é óbvio. Não sabemos como ocorrerá, mas deve ser mais branda do que a primeira. Quando vai chegar, é imprevisível – afirma o secretário estadual da Saúde, Osmar Terra.
A estrutura de atendimento montada às pressas para conter a disseminação do vírus que chegou ao Estado em maio está novamente em alerta. Em caso de novos surtos, Terra garante reativar essa rede. Além de respiradores artificiais comprados e alugados para hospitais, o governo poderá voltar a estender horários de postos de saúde.
A expectativa do secretário é de que a segunda onda coincida com o início da vacinação, prevista para ocorrer entre fevereiro e março. Até lá, estão à disposição 100 mil tratamentos de tamiflu, o principal antiviral utilizado no combate à doença. Outra medida a ser adotada nas próximas semanas é a retomada de orientações à população, reiterando que sejam mantidos cuidados básicos de higiene. Terra valoriza o conhecimento acumulado:
– Viramos veteranos, pois o pior da epidemia foi registrado no Cone Sul.
Para o infectologista Breno Riegel Santos, chefe do Serviço de Infectologia do Hospital Conceição, essa experiência pode ajudar a reduzir os efeitos de uma segunda onda. Um dos acertos citados por ele foi a montagem de contêineres ou barracas para o pré-atendimento aos pacientes suspeitos, o que reduziu a circulação dentro dos hospitais.
Enquanto a vacinação em massa não começa no Brasil, a recomendação é redobrar cuidados durante estadias nos países do Hemisfério Norte. André Luiz Machado da Silva, infectologista da Santa Casa, diz que devem ser evitados locais fechados:
– Em caso de a pessoa observar algum sintoma no Exterior, não deve esperar para consultar no Brasil. As viagens não estão contra-indicadas.
(Zero Hora, 28/10/2009)