Partido tenta evitar que membro da bancada ruralista assuma função
Na tentativa de blindar o Movimento dos Sem-Terra (MST), a bancada petista na Câmara insiste em ficar com a relatoria da CPI do MST, criada na semana passada para investigar eventuais ações irregulares da organização. Pelo acordo que começa a ser costurado entre os partidos da base governista, a presidência da comissão ficará nas mãos do PMDB do Senado. Os 36 deputados e senadores titulares que vão integrar a CPI deverão começar a ser indicados a partir desta terça (27/10).
"Não quero que transformem a CPI em palanque eleitoral", alertou o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). "Essa CPI não vai ter como fulcro a divisão entre governo e oposição, mas ver quem tem tendência para defender o MST e quem é contra o movimento", observou o líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO).
Os petistas reivindicam a relatoria da comissão porque temem que mesmo os partidos da base aliada indiquem parlamentares da bancada ruralista, tradicionalmente contrária ao MST. "Queremos instalar logo a CPI. Ela só será postergada se houver desentendimento sobre o seu comando", disse o líder do PT na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP).
Hoje, o DEM do Senado apresenta requerimento no plenário solicitando a anulação de edital que libera R$ 13,4 milhões do Incra para o CNPq. De autoria de Raimundo Colombo (DEM-SC), o documento pede que o Tribunal de Contas da União (TCU) faça inspeção no CNPq que, de acordo com o edital de 28 de agosto, ficou encarregado de capacitar profissionalmente populações de assentamentos.
A investigação, segundo Colombo, encontrará "muitos pontos obscuros, incoerentes e descabidos, cujos jargões ideológicos induzem suspeitas de que seu real objetivo é financiar invasões de terras pelo MST".
(Por Eugênia Lopes, O Estado de S. Paulo, 27/10/2009)