Comprando mingau de aveia, Helena Bergstrom, 37, reconheceu ter ficado confusa com o rótulo que encontrou na caixa azul, "Clima declarado: .87 kg de CO2 por kg de produto". "Neste exato momento eu não sei o que isto significa", disse Bergstrom.
Mas se um novo experimento local funcionar, ela e milhões de outros suecos logo irão descobrir do que se trata. Os novos rótulos, que listam a emissão de dióxido de carbono associada à produção do alimento, do macarrão de trigo a hambúrgueres de fast food, já são usados em alguns artigos de supermercado e cardápios de restaurantes de todo o país.
As pessoas que adoram comer podem achar isto uma bobagem. Mas os especialistas acreditam que mudar a dieta de acordo com a emissão de carbono pode ser tão eficiente em reduzir as emissões de gases causadores da mudança climática quanto mudar o carro que se dirige ou não usar secadora de roupas.
Algumas das novas diretrizes podem surpreender os não iniciados. Elas recomendam cenouras ao invés de pepinos e tomates - porque os últimos dois alimentos precisam ser cultivados em estufas no país, consumindo energia em excesso.
Um pouco menos surpreendente é o fato dos suecos serem aconselhados a substituir por feijão ou frango a carne vermelha, por causa das emissões de gases causadores do efeito estufa associadas à criação de gado.
Muitos restaurantes suecos dizem que as exigências são exageradas. Ainda assim, se as novas diretrizes alimentares fossem cumpridas religiosamente, segundo alguns especialistas, a Suécia poderia cortar suas emissões na produção de alimentos em um índice de 20% a 50%.
Estima-se que cerca de 25% das emissões produzidas por pessoas em nações industrializadas podem ser rastreadas aos alimentos que elas comem, de acordo com uma pesquisa local. E as emissões da produção variam muito de acordo com o alimento.
Os consumidores que prestarem atenção poderão aprender que as emissões geradas no cultivando do grão mais popular da Suécia, o arroz, é de duas a três maior do que as da cevada, por exemplo.
Alguns produtores alegam que o novo programa é complexo demais e ameaça os lucros. As recomendações para a dieta, que foram apresentadas não apenas na Suécia mas na União Europeia como um todo, foram atacadas pela indústria de produtores de carne do Continente, fazendeiros de salmão noruegueses e cultivadores de óleo de palma malásios, para citar alguns.
(Por Elisabeth Rosenthal, The New York Times / Último Segundo, 25/10/2009)