A barragem de Baguari foi inaugurada na última quinta-feira (22/10) em Governador Valadares (MG) mesmo com uma série de pendências. Esta é a primeira usina do PAC a ser inaugurada e foi construída no Rio Doce pelas empresas Neonergia, Cemig e Furnas. Estava prevista a presença de Lula para o ato, porém o presidente não compareceu devido ao tempo que impediu o pouso do avião.
Entre tantos problemas, um é de que a obra foi construída sem a licença ambiental do COPAM, órgão ambiental que poderá ou não conceder a Licença de Operação da barragem. Além disso, o lago foi represado sem a retirada da vegetação e as árvores da ilha Bonaparte ainda estão no meio do lago, sem contar a vegetação rasteira próxima aos rios Corrente e parte do rio Doce que foi encoberta.
Os atingidos pela barragem denunciam ainda que nove famílias ainda estão em área de risco, que o consórcio não concluiu acordo firmado com parceiros e meeiros, e que dezenas de agricultores e demais trabalhadores não foram indenizados. Por isso várias famílias estão às margens da BR 381 e não foram reassentadas. Quanto ao uso do lago, ainda não foi definida a forma de acesso pelos usuários do entorno.
O MAB entende que é uma afronta ao povo atingido inaugurar uma barragem com tantas pendências ambientais e sociais: 'É uma incoerência do Governo Federal dizer que reconhece a dívida com a população atingida, como fez no mês de julho em Brasília, e agora ele inaugura uma barragem que vai fazer aumentar ainda mais a dívida social', afirmam os militantes do movimento. A construção da usina de Baguari custou R$ 584 milhões, 70% dos quais foram financiados pelo BNDES.
(MAB, 23/10/2009)