Oito anos após sua criação, o Parque Natural Regional dos Montes Ardèche é o primeiro na França a decidir pela exclusão total de seu território da cultura dos organismos geneticamente modificados (OGMs) – que já são objeto de uma medida de suspensão em todo o território francês. Um acordo sobre o assunto foi concluído nesse sentido, em setembro, entre a Câmara da Agricultura e o Parque de Ardèche. A direção deste último acolheu a possibilidade oferecida pela lei de 25 de junho de 2008 que proíbe o cultivo de OGMs em parte ou em todo o território dos Parques Naturais Regionais, e em duas condições: que esta opção seja inscrita na carta do Parque e que ela beneficie o “acordo unânime das explorações agrícolas concernidas”.
Se a revisão da carta do Parque Natural Regional dos Montes Ardèche estava programada para 2009, era porque parecia mais difícil chegar a um acordo por parte de seus 2.600 exploradores agrícolas. Além disso, o que fazer depois da chegada de um novo agricultor? Para contornar essas dificuldades, não é o acordo unânime desses últimos, mas o de seus representantes sindicais – a Federação Departamental dos Sindicatos de Explorações Agrícolas e a Confederação de Agricultores, neste caso – que prevaleceu.
Preservar os queijos AOC
Esta decisão é o resultado de um longo trabalho coletivo, apoiado pelo Conselho Geral. Quatro deputados departamentais estão entre os 29 membros do escritório do Parque, onde a Câmara da Agricultura dispõe igualmente de uma cadeira, ocupada por seu presidente, Jean-Luc Flaugère.
“Eu não tenho as competências para dizer se os OGMs constituem alguma coisa boa ou ruim, explica Flaugère. Há uma alta autoridade que trabalha ali. Mas no que concerne o Parque Natural Regional, eu não hesitei: é preciso preservar os produtos, as paisagens, os habitantes do Parque, assim como as culturas que não têm necessidade de um perímetro de proteção. Ardèche e os OGMs não formam uma boa dupla...”.
“Uma das missões dos Parques, que são áreas de proteção ambiental, é proteger a biodiversidade, prossegue o presidente do Parque Natural, Franck Bréchon, que espera fazer escola. Hoje estamos limpos de culturas transgênicas, mas trata-se de se garantir para o futuro. Em Ardèche, há cada vez mais produtores bio. A proibição dos OGMs é uma questão ética que garante a ausência total de contaminação e também a salvaguarda de nossas quatro denominações de origem controladas: a castanha, o queijo AOC [sigla em francês de Denominação Controlada de Origem], o boi para engorda do Mézenc e, na zona limítrofe, o vinho das costas de Vivarais”.
O Parque Natural dos Montes de Ardèche abrange um terço do Departamento, essencialmente zonas montanhosas cuja altitude varia entre 170 metros em 1.753 metros (Monte Mézenc). Ao todo, um território de 180.000 hectares, 61.600 habitantes e 132 municípios, onde são privilegiadas as atividades patrimoniais. A exploração intensiva é banida dos Montes de Ardèche, que privilegia as culturas em terraços de mirtilo selvagem, as variedades de castanhas, frutas silvestres ou ainda a criação bovina ou caprina.
A decisão de proibir os OGMs tem por pano de fundo a vontade de valorizar o ecoturismo na região. Isso será uma vantagem a mais para um território que já seduz numerosos habitantes de cidades, especialmente aqueles da região Rhône-Alpes.
(Por Carole Dumas, Le Monde / Cepat / IHUnisinos, 23/10/2009)