A Agência Federal do Meio Ambiente (UBA) da Alemanha recomendou esta semana evitar produtos com nanopartículas "porque os efeitos sobre o ambiente e a saúde humana ainda são amplamente desconhecidos". A nanotecnologia trabalha com estruturas muito pequenas: um nanômetro é mil vezes menor do que o diâmetro de um cabelo humano.
"Os efeitos dos nanomateriais sobre o ambiente e os seus eventuais riscos para a saúde ainda não foram suficientemente investigados, apesar de estarem cada vez mais disseminados no solo, na água e na atmosfera", adverte a UBA.
Os órgãos respiratórios "são provavelmente a via mais importante de absorção de micropartículas, invisíveis a olho nu, mas que podem penetrar nos pulmões e causar problemas" refere um estudo feito pela agência. É menos provável que as partículas entrem nas vias sanguíneas e atinjam assim outros órgãos. Segundo Rolf Buschmann, da Central de Defesa do Consumidor da Renânia do Norte-Vestfália, não há motivos para pânico.
Registro obrigatório
A agência sugere que os produtos com nanopartículas passem a ser registrados obrigatoriamente. Além disso, exige a "criação de um quadro legal para lidar com a segurança" de materiais obtidos com esta tecnologia. Mais de 800 empresas alemãs trabalham atualmente no setor.
A nanotecnologia abrange várias áreas, como a indústria automobilística, a engenharia mecânica, a indústria de alimentos e cosméticos, e de tecnologia ambiental. Ela é utilizada para evitar, por exemplo, para aumentar a eficiência de cremes solares.
Materiais sintéticos aperfeiçoados graças à nanotecnologia também podem diminuir o peso de automóveis ou aviões ou para o fabrico de lâmpadas econômicas mais eficazes. Segundo a associação de proteção dos consumidores, produtos têxteis, protetores solares, graxas para calçados ou tinta contêm nanopartículas. Elas, no entanto, ainda não são usadas na indústria alimentícia alemã.
A UBA lembra que testes de laboratório feitos com ratos revelaram que as nanopartículas se instalam nas células e causam danos na informação genética. Além disso, há estudos que detectaram doenças em animais provocadas pelas nanopartículas idênticas às doenças causadas pelo amianto, que só muito depois de ter revolucionado o mercado da construção revelou ser cancerígeno.
(Deutsche Welle / UOL, com revisão de Roselaine Wandscheer, 23/10/2009)