Nem Dilma Rousseff (PT), nem Marina Silva (PV), nem Heloísa Helena (PSOL). O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) não se identifica com qualquer dessas pré-candidatas à Presidência da República, afirmou neste sábado (24/10) um dos líderes nacionais dos sem-terra, João Paulo Rodrigues, que participou do “2º Colóquio O PT e os Movimentos Sociais”. No encontro, que visa a estreitar as relações do partido e do governo com os movimentos sociais, Rodrigues afirmou que nenhum pré-candidato tem projetos de reforma agrária.

— Heloísa Helena, Dilma, Marina não são inimigas nossas. Pelo contrário. São pessoas de luta, têm compromisso histórico com a classe trabalhadora. Mas a nossa militância, os semterra acampados, assentados, não se sentem identificados com os projetos que elas defendem. Ninguém discutiu reforma agrária até agora — disse.

Para Rodrigues, uma “frente contra os tucanos é pouco”:

— Somos contra os tucanos. Mas é ruim ser só contra os tucanos. Temos que ser a favor de alguma coisa. É óbvio que somos contra o conservadorismo, o neoliberalismo dos tucanos, porque disso não tem como escapar. Vamos ter de barrar votos dos tucanos, porque nos criminalizaram, perseguiram os movimentos sociais.

O líder sem-terra avalia que a dívida com a reforma agrária deve ser cobrada de Lula e não pode ser transferida para um eventual terceiro mandato petista.

— Lula enfrentou quase todas as situações difíceis do Brasil, mas os bancos, não teve coragem, o agronegócio e o latifúndio também, assim como os meios de comunicação. Acho que o Lula deveria saldar essa dívida. O Lula é que tem o compromisso histórico com os movimentos sociais, em 20 anos de sua participação.

A Dilma, não conhecemos — disse Rodrigues, para quem, ainda assim, é importante manter o diálogo com o PT:

— É importante continuar discutindo com o PT porque o Lula passa.

O colóquio petista, que se encerra hoje, reúne representantes de 60 movimentos sociais. O objetivo é fazer uma análise de conjuntura e o balanço das ações do governo.

(Por Tatiana Farah, O Globo / IHUnisinos, 25/10/2009)