Especialistas da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) visitaram neste domingo (25/10) a segunda polêmica central de enriquecimento de urânio do Irã, que está sendo construída sob uma montanha perto da cidade sagrada de Qom, informou à AFP o porta-voz da Organização Iraniana de Energia Atômica. Ao ser questionado se a inspeção das instalações já havia começado, o porta-voz Ali Shirzadian respondeu: "Atualmente estão fazendo seu trabalho".
Os quatro especialistas da AIEA, que chegaram ao Irã na noite de sábado, devem inspecionar as instalações que estão sendo construídas a poucos quilômetros de uma base militar ao sul de Teerã. Os quatro inspetores da AEIA permanecerão três dias no Irã, segundo a imprensa iraniana.
A existência da central em construção de Qom, que segundo Teerã terá capacidade para 3.000 centrífugas de enriquecimento de urânio, foi revelada à AIEA no dia 21 de setembro. "Os ocidentais transformaram sua proposta em uma espécie de suspensão. Querem fazer sair do país de uma só vez 70% de nosso urânio enriquecido a 3,5%", denunciou Abolfazl Zohrevand, alto funcionário do governo iraniano para a questão nuclear.
"Precisaremos de um ano e meio para produzir novamente esta quantidade de urânio enriquecido e, durante este período, terão a oportunidade de nos pressionar para obter o que buscam, ou seja, a suspensão do programa", completou.
O Irã se recusa a suspender as atividades de enriquecimento, apesar de cinco resoluções do Conselho de Segurança da ONU, três delas acompanhadas de sanções. Altos funcionários de Teerã multiplicaram as declarações contra o "projeto de acordo" apresentado pela AIEA quarta-feira em Viena.
O projeto prevê que o Irã entregue seu urânio para ser enriquecido na Rússia, que mais tarde seria tratado na França para ser entregue ao governo iraniano na forma de combustível nuclear para o reator de pesquisas de Teerã. Os países ocidentais acusam o Irã de tentar produzir armas nucleares sob o pretexto de atividades civis, o que Teerã nega.
Assim, a questão do enriquecimento de urânio é essencial, já que se o urânio pouco enriquecido for usado nas centrais nucleares, o mineral altamente enriquecido pode ser usado na produção de armas. Segundo diplomatas ocidentais, o "projeto de acordo" prevê que o Irã entregue até o fim do ano 1.200 kg de urânio enriquecido a menos de 5% para que seja enriquecido a 19,75% na Rússia, antes da França produzir "pacotes nucleares" para o reator de Teerã.
(AFP /UOL, 25/10/2009)