Na última safra de verão, quando foi utilizada pela primeira vez, semente representou 5% das vendas
As vendas de sementes geneticamente modificadas de milho para a safra de verão 2009/10 correspondem a 40% do volume total comercializado até setembro deste ano. O dado foi divulgado ontem pela Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), durante lançamento da campanha Plante Refúgio, em São Paulo. No segmento de alta tecnologia, que investe em híbridos mais produtivos, a expectativa é de que o uso de sementes transgênicas represente 65% da área plantada.
O número mostra o rápido crescimento dos transgênicos na agricultura brasileira. Na safra de verão 2008/09, quando a tecnologia foi utilizada pela primeira vez em lavouras de milho do país, as sementes transgênicas representaram 5%. Na safra de inverno (safrinha) 2009 o índice de utilização chegou a 12%. O superintendente-executivo da Abrasem, José Américo Pierre Rodrigues, explica que o uso só não foi maior porque a oferta do insumo estava limitada no período.
– Apesar da estimativa de queda de 25% na área plantada com milho na safra de verão (2009/10), o uso das sementes transgênicas continua crescendo – observa o secretário executivo da Associação Paulista dos Produtores de Sementes e Mudas, Cássio Camargo.
Segundo ele, a expansão acontece porque a semente transgênica permite reduzir o uso de defensivos e gera ganhos de 10% a 15% na produtividade. No cultivo convencional, o número de aplicações de inseticidas – para combate a pragas como a lagarta do cartucho – varia de três a cinco vezes. Com o híbrido geneticamente modificado o produtor monitora as lavouras e, quando necessário, realiza uma aplicação, segundo especialistas.
A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou, até o momento, cinco sementes transgênicas Bt, resistentes a insetos considerados pragas nas lavouras de milho. Deste total, três já são utilizadas pelas companhias para a produção dos cerca de 60 híbridos que são vendidos atualmente no mercado nacional.
Tecnologias tendem a ser desenvolvidas no Brasil
Goran Kuhar, responsável pelas áreas de Regulamentação e Relações Governamentais da Pioneer, explica que as aprovações da comissão são individuais e não em bloco.
– A demora existe em todos os países e não só no Brasil. Isso é importante para que a tecnologia seja testada e assimilada. O processo se adiantou nos últimos dois anos – afirma.
Mas ressalva que o Brasil ainda tem uma defasagem de 10 anos em relação aos Estados Unidos e Argentina, pioneiros no uso da tecnologia. Segundo o executivo, a expectativa é que a partir de agora as tecnologias também sejam desenvolvidas no Brasil e exportadas para outros países.
(Zero Hora, 23/10/2009)