Painel RBS reuniu especialistas para discutir alternativas de mobilidade urbana na Capital. Todos foram unânimes em dizer que é preciso priorizar o transporte coletivo
A mobilidade urbana da Capital catarinense foi o tema do Painel RBS realizado nesta quarta (21/10) e transmitido ao vivo pela TVCOM, pelo www.diario.com.br e pela rádio CBN Diário. O painel – projeto editorial multimídia do Grupo RBS que aborda assuntos de interesse público – tratou de questões como deslocamentos, obras, vias, planejamento urbano e, principalmente, a valorização do transporte coletivo.
Debateram o assunto, o prefeito em exercício e secretário de Transportes, Mobilidade e Terminais da Capital, João Batista Nunes, o superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes em SC (Dnit), João José dos Santos, a professora do Programa de Pós-Graduação em Urbanismo, História e Arquitetura da UFSC, Margareth Afeche Pimenta, o presidente da Urbanização de Curitiba S.A (Urbs), Marcos Valente Isfer, e o presidente do Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra), Romualdo de França Junior. Os questionamentos foram feitos por internautas e jornalistas do Grupo RBS.
Foi unanimidade entre os convidados do Painel RBS que uma medida essencial para diminuir os problemas de mobilidade urbana de Florianópolis é priorizar o transporte coletivo. Mesmo sem ter havido, antigamente, um planejamento adequado, eles apontam que somente um serviço de qualidade poderá retirar os carros das ruas e, consequentemente, diminuir os congestionamentos na malha viária da cidade.
Nunes também destacou que a licitação do transporte coletivo vai possibilitar que a prefeitura exija das empresas o cumprimento de todas as regras estabelecidas na concessão. Hoje, com o processo de licitação em andamento, há uma fragilidade na cobrança das obrigações das empresas. Outro item sobre a questão é a necessidade de adequação de linhas improdutivas e sobrepostas para reduzir o déficit da passagem, atualmente em R$ 0,30, mesmo com o subsídio pago pela prefeitura.
As propostas já discutidas pelos órgãos ligados à mobilidade urbana para amenizar os gargalos em Florianópolis são: metrô de superfície, túnel subaquático, quarta ponte, ampliação da Via Expressa (BR-282), construção da Beira-Mar Continental e finalização das obras de revitalização da Ponte Hercílio Luz, que deve diminuir em 24% o fluxo de veículos por dia nas pontes que ligam a Ilha ao Continente. Atualmente, passam todos os dias cerca de 150 mil veículos.
Ampliação da Via Expressa (BR-282)
Para o superintendente do Dnit, João José dos Santos, a Via Expressa, apesar de ser uma rodovia federal, precisa ser inserida nas discussões da mobilidade urbana de Florianópolis. Além da ampliação dos 5,6 quilômetros que ligam as pontes Colombo Salles e Pedro Ivo Campos à BR-101, é necessário que sejam utilizados caminhos alternativos.
Os estudos para a ampliação da Via Expressa são importantes, segundo Santos, pelo fato de que o recurso público precisa ser destinado a obras que realmente gerem os resultados esperados, no caso, a diminuição das filas nos acessos às pontes. O projeto deverá ter um trecho de via marginal, ligação com a Beira-Mar de São José, ciclovias e viadutos. Até novembro deve ser publicado o edital para a concorrência de elaboração técnica do projeto. A previsão do início das obras é 2011.
Ciclovias
Florianópolis tem 46 quilômetros de ciclovias. O problema encontrado pelos ciclistas ainda é a falta de ligação entre os trechos. Um dos casos citado pelo presidente do Deinfra, Romualdo França Junior, é a ciclovia da Avenida Hercílio Luz, que, apesar de ter sido uma ação que ele considera pequena, gerou um grande avanço pelo espaço de convivência instalado. França destaca que é preciso criar um recurso específico para a construção de ciclovias e adequação das rodovias estaduais.
Rodovias estaduais na cidade
Dentro da Capital existem 136 quilômetros de rodovias estaduais. As SCs não têm características de rodovias, por concentrarem casas nos arredores e sem faixa de domínio. Apesar de o tráfego nas SCs ser urbano, elas continuam sob a administração do governo do Estado. A construção da terceira faixa na SC-405 – acesso ao Sul da Ilha – é uma solução de urbanismo levantada pela prefeitura e consolidada pelo governo do Estado, conforme França.
Ele considera que os transtornos causados pelas obras nas rodovias estaduais do perímetro urbano são naturais, por não existirem rotas alternativas para o desvio dos trechos em construção.
Fechamento da Avenida Paulo Fontes
Para o prefeito em exercício, João Batista Nunes, a Capital catarinense busca valorizar o patrimônio histórico e cultural da cidade. Uma das medidas foi o fechamento da Avenida Paulo Fontes, que, conforme explicou, foi uma questão de prioridade às cerca de 250 mil pessoas que utilizam aquele local. Para Nunes, a medida não gerou prejuízos à mobilidade da cidade.
A professora da UFSC, Margareth Pimenta, acredita que o fechamento da avenida é uma medida muito pequena diante da necessidade de Florianópolis. Também alerta que se a vontade da prefeitura é priorizar o transporte coletivo e valorizar o ser humano, ainda são necessárias outras medidas.
Urbanização de Curitiba s.a.
Os modelos aplicados no trânsito de Curitiba, no Paraná, como os corredores integrados e exclusivos para ônibus, fazem da cidade um exemplo de mobilidade urbana no Brasil. De acordo com o presidente da Urbanização de Curitiba S.A (URBS), Marcos Valente Isfer, o segredo é trabalhar com planejamento e ações de continuidade.
– Para tirar os automóveis das ruas é preciso investir em transporte coletivo. Esta é a única solução. Trocar o transporte individual pelo coletivo. Todas as cidades do mundo que começaram a pensar o transporte coletivo antes do boom automóvel acharam boas soluções de transporte. Isto facilitou. Curitiba fez um planejamento urbano em cima do transporte coletivo – resumiu.
Confira aqui a íntegra do Painel RBS e mais informações.
(Por Lílian Simioni e Nanda Gobbi, Diário Catarinense, 22/10/2009)