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hidrelétrica de belo monte alcoa indústria do alumínio
2009-10-22

A nova plataforma de crescimento da americana Alcoa no Brasil passa pela área de geração de energia e o megaprojeto hidrelétrico de Belo Monte, no Pará, está no radar da maior fabricante mundial de alumínio. Com a garantia de suprimento de energia, a uma tarifa competitiva, a companhia está disposta a tirar da gaveta o plano de instalação de uma nova fábrica de alumínio na região Norte do país, em Altamira ou Marabá.  Ou duplicar a Alumar, usina que já opera em São Luís, no Maranhão, em formato de consórcio, e que hoje faz 450 mil toneladas por ano.

"Há um interesse especial da direção mundial da Alcoa em analisar essa oportunidade de investimento, seja em Belo Monte, o projeto que está mais avançado, ou em outros estruturantes na geração de energia, como o do rio Tapajós", afirmou ao Valor o presidente da Alcoa América Latina e Caribe, Franklin Feder.  Ele sabe, pela experiência de longa data dentro do grupo, que não será uma tarefa fácil convencer o grupo a aprovar investimento da ordem de US$ 5 bilhões - valor dividido entre uma parcela na hidrelétrica e instalação de uma nova fundição de alumínio no país de 300 mil a 400 mil toneladas.  Isso significa necessidade de 600 MW a 700 MW de energia.

Mas pelo que o executivo conhece de Brasil, sabe que as oportunidades quando surgem requerem rápidas tomadas de decisões.  "Explicamos que aqui é assim: se não pegar o bonde que passa, um outro pode demorar muito e até nem passar mais".

O fato concreto é que a Alcoa já montou uma equipe binacional - executivos daqui e do exterior - para avaliar as condições do obra e sua entrada em Belo Monte.  O tempo passa rápido, pois o governo quer licitar a hidrelétrica antes do fim do ano.  "Estamos correndo, porque só há quatro ou cinco semanas o governo abriu essa janela que permite a participação de grupos autoprodutores de energia, com fatia de 20% no total da geração", disse Feder.

O executivo, de 58 anos, conduziu nos últimos quatro anos investimentos de R$ 8 bilhões no Brasil, o maior programa da Alcoa em um único país.  Ele observa que há vários detalhes a serem vistos antes de definir a entrada nesse empreendimento.  Interesse não falta.  "Projetos desse porte trazem enorme risco, mas também grandes oportunidades".

A construção de Belo Monte tem orçamento estimado desde R$ 16 bilhões (governo) até R$ 30 bilhões (empreiteiras) para capacidade instalada 11,2 mil MW, com geração de firme de energia 4,6 mil MW .  "Há especialistas em geração de energia que falam até em R$ 45 bilhões", observou Feder.

Ele informa que o grupo, que faturou US$ 27 bilhões no mundo em 2008, está conversando com todos os potenciais investidores.  "Ainda não temos definição por nenhum consórcio".  Segundo Feder, a Alcoa tem boas relações com Camargo Corrêa, CPFL, Suez GdF, Vale, Votorantim e outras empresas que são suas parceiras em quatro hidrelétricas no país - Machadinho e Barra Grande (concluídas) e Estreito e Serra do Facão (em fase de implantação).  "Estamos na fase de entender todos os meandros do projeto".

Uma das condições fundamentais, entre outras duas de cunho ambiental e sócio-econômico, é a competitividade do custo da energia, que será usada na fabricação de alumínio primário.  "Nosso limitador é de US$ 30 o Mwhora", disse, explicando que o insumo responde desde um quarto até um terço do custo de produção do metal.  "Hoje, no Brasil, já pagamos pela energia que supre a Alumar bem acima desse valor.  É o terceiro maior custo dentro da Alcoa, que opera 25 fundições no mundo".  Para ele, acima dessa tarifa há outras oportunidades de investimento em outros lugares no mundo.

Esse é um dos desafios a serem superados na trajetória futura de crescimento da Alcoa no Brasil, aponta o executivo.  "Por isso, posso dizer que vivenciamos um momento especial no país, por estarmos na fase final de montagem de uma plataforma de classe mundial baseada na matéria-prima do metal: bauxita e alumina.  Se já tivéssemos a outra - energia/alumínio -, poderia dizer que nosso momento aqui seria maravilhoso".

A Alcoa acaba de pôr em operação a mina de bauxita de Juruti, no oeste do Pará, com capacidade para produzir 2,6 milhões de toneladas já em 2010.  Mas o projeto pode atingir 12 milhões de toneladas no futuro, pois o que não faltam são reservas do mineral - a empresa detém mais de 700 milhões de toneladas na região de Juruti.  "Uma mina como essa só aparece a cada 40 anos".  O investimento no projeto, situado no meio da Amazônia, foi de R$ 3,5 bilhões.  Teve rigorosas restrições ambientais e exigiu da parte da empresa um comprometimento sócio-econômico alto com as comunidades locais.  Até construção de hospital e fórum na cidade.

No fim de novembro, a Alcoa e seus sócios querem inaugurar a duplicação da refinaria de alumina da Alumar, que passará de 1,5 milhão para 3,5 milhões de toneladas de capacidade de produção.  O minério para suprir a fatia da empresa na refinaria será todo oriundo de Juruti.  BHP Billiton tem pouco mais de 30% e Rio Tinto Alcan, 10%.  Juntas, os três grupos investiram R$ 4,9 bilhões na duplicação.

A mina e a duplicação da refinaria contaram com financiamento do BNDES.  No auge da crise, em dezembro, a garantia de apoio do banco, disse Feder, foi fator importante para que a direção mundial da Alcoa mantivesse a continuidade dos dois projetos.  Aliás, lembra ele, os únicos (em fase adiantada) mantidos no mundo pela importância.  "Agora, a missão é fazê-los operar bem e ganhar dinheiro".

Os investimentos em energia no Brasil, segundo ele, garantiram uma posição "muito competitiva e robusta".  A presença nas quatro hidrelétricas - Estreito e Serra do Facão vão ficar prontas até 2011 - vão garantir 70% de autosuficiência na produção de alumínio em Poços de Caldas e na Alumar.

(Valor Econômico / Amazonia.org.br, 21/10/2009)


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