Menos de dois meses depois do vice-prefeito e secretário municipal de Obras, Ronaldo Trojahn, retomar um projeto de mobilização comunitária pela coleta seletiva, o prefeito Sérgio Ghignatti determinou que o serviço fosse cancelado, descumprindo uma de suas promessas de campanha e do plano de governo. Abalado com a ordem do prefeito, Trojahn disse ontem que sua alma estava doendo. “Eu tentei reverter a decisão, mas o prefeito não mudou de ideia. Não pude fazer nada, pois, como o próprio Ghignatti diz, a caneta está na mão dele”, observou o vice.
“Parece que o nosso esforço pela coleta seletiva não está sendo reconhecido. A gente já tinha até o jingle da campanha que seria levado aos bairros em caminhões de som para incentivar a comunidade a separar o lixo reciclável do orgânico. O CD com a música vai ficar jogado em uma gaveta, pois não terá finalidade”, lamenta o vice-prefeito. “Eu não sou puxa-saco e afirmo: estou descontente e chateado com a atitude do prefeito”, destaca Ronaldo Trojahn.
A missão de informar à Conesul que o serviço de recolhimento de lixo reciclável será cancelado caberá ao secretário de Obras. “Estou sem coragem de fazer este ofício”, diz o vice-prefeito. A determinação de Ghignatti é para que o caminhão da coleta seletiva atue em Cachoeira do Sul somente até o final deste mês. “Um projeto que estava começando a dar certo vai ser jogado pelo ralo justo agora que a cidade voltava seus olhos para a coleta seletiva”, ressalta Trojahn.
Economia
O prefeito alega que o cancelamento da coleta seletiva é uma medida de economia e que, de acordo com o comportamento dos caixas do Executivo, a iniciativa poderá ser retomada no ano que vem. “Sem a seletiva a Prefeitura poupará apenas R$ 3,5 mil por mês, o que é uma quantia insignificante comparada ao efeito ambiental do projeto”, comenta Trojahn. Ele diz que a coleta seletiva estava arrecadando em média nove toneladas de lixo seco por mês e custava em torno de R$ 5,4 mil mensais para a Prefeitura. Os reciclados, que agora serão recolhidos junto com o lixo orgânico, custarão cerca de R$ 1,9 mil por mês (recolhimento e transporte para Minas do Leão).
(Jornal do Povo, 22/10/2009)