A implantação da coleta seletiva solidária e a gestão da usina de reciclagem em 2010 foram novamente reivindicadas pelo Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) de Santa Cruz do Sul. Nesta quarta (21/10) pela manhã, a categoria tomou a entrada da Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Para evitar confusão, a Guarda Municipal e a Brigada Militar foram chamadas. Depois, o protesto se estendeu para a frente do pavilhão central, onde funciona o gabinete da prefeita Kelly Moraes.
Surpreendida com a manifestação, a chefe do Executivo recebeu o grupo na entrada do prédio. Ela solicitou que os representantes do Movimento se reunissem com o Comitê Gestor no gabinete do vice-prefeito. Logo em seguida, a comissão participou de uma audiência. Durante uma hora, o coordenador-geral do MNCR, Fagner Jandrey, apresentou as propostas que beneficiariam os catadores no ano que vem.
De acordo com Jandrey, um dos projetos sugere que a Prefeitura contrate a associação dos catadores para fazer a coleta seletiva no município, conforme dispositivos da lei federal de saneamento básico (número 11.445). O coordenador ressalta que a proposta é começar com 30 catadores a partir de 2010. Após passarem por um processo de capacitação, eles desenvolveriam a atividade em seis bairros da cidade.
Segundo Jandrey, cada catador receberia R$ 300,00, o que corresponde a R$ 9 mil por mês e a R$ 108 mil por ano. “Por meio da comissão criada para implementar e acompanhar este processo pode-se avaliar a ampliação do projeto para mais bairros, num sentido progressivo e com inclusão de mais trabalhadores”, observa. O coordenador afirma ainda que sem a disponibilização de recursos financeiros, o projeto se torna inviável.
O repasse da usina municipal de reciclagem também está nos planos do MNCR. “Queremos formalizar no orçamento de 2010, para que o valor repassado à empresa atual para manter a usina, seja destinado à associação”, ressalta. O valor previsto é de R$ 26.694,82 mensais. Jandrey afirma que o Movimento tem plenas condições técnicas e operacionais para gerir o trabalho. A princípio, 30 trabalhadores atuariam no local.
Novo Encontro
Os pedidos serão analisados pelo Comitê Gestor, a prefeita e o vice-prefeito Luiz Augusto Campis. A resposta será dada em um novo encontro marcado para o dia 10 de novembro, às 10 horas. O secretário de Meio Ambiente, Alberto Heck, disse que a estratégia dos catadores de ocupar a frente do prédio foi equivocada. “Estamos sempre abertos ao diálogo”, assegura. Conforme ele, a gestão da usina só pode ser concedida se os trabalhadores apresentarem um programa que contemple as necessidades, como a triagem e o encaminhamento do material para o aterro sanitário.
(Por Roberto Patta, Gazeta do Sul, 22/10/2009)