Nesta quarta-feira (21/10), completaram dois anos da morte do trabalhador rural Valmir Mota de Oliveira, o Keno. O assassinato ocorreu durante ataque de pistoleiros a um acampamento da Via Campesina em uma área da transnacional Syngenta na cidade de Santa Isabel do Oeste (PR).
Desde 2007, quando ocorreu o assassinato, até hoje, a Justiça já ouviu quase todas as testemunhas. Segundo o advogado Darci Frigo, integrante da organização Terra de Direitos, o processo do trabalhador está bastante rápido, se comparado com outros casos que envolvem sem terras. É o caso do assassinato do trabalhador conhecido como Teixeirinha, em que o processo levou 16 anos até pronunciar os réus ao júri.
No entanto, diz Frigo, a investigação sobre o caso da Syngenta gera impunidade, pois não identifica os mandantes e pune um dos trabalhadores sem terra que acabou atingido pelos pistoleiros. "O processo, em relação aos mandantes, é omisso. A Syngenta, que foi responsável pela contratação daquela milícia, e o presidente da Sociedade Rural, Alessandro Meneghel, tido como articulador dessa milícia, não foram acusados. E o sem terra Celso Barbosa, que foi vítima do ataque dos pistoleiros, é um dos acusados", diz.
Na época, a morte de Keno foi relacionada a um confronto entre os sem terra e seguranças da empresa NF Segurança, que trabalhavam para a Syngenta. No entanto, seguranças disseram à polícia que foram contratados pelo Movimento dos Produtores Rurais para retirar pessoas que tentassem entrar na área na Syngenta. Além disso, investigações da Polícia Federal já haviam detectado irregularidades na empresa NF Segurança.
No ataque, também foi morto um dos seguranças.
(Agência Chasque, 21/10/2009)