Com o tempo se esgotando e profundas diferenças ainda não resolvidas, parece haver pouca chance de que as negociações sobre a mudança climática em Copenhague resultem em um novo tratado a respeito do aquecimento global.
Os Estados Unidos e muitos outros países emissores de poluentes concluíram que é mais útil dar passos intermediários importantes para um acordo global do que tentar um tratado que será possivelmente muito fraco para lidar com o problema ou muito oneroso para ser ratificado e colocado em prática. Assim, representantes presentes no encontro em Copenhague devem anunciar inúmeros passos intermediários e concordar em continuar as negociações no próximo ano.
"Não há tempo suficiente para que tudo seja feito", disse Yvo De Boer, diplomata holandês que lidera o secretariado das Nações Unidas e coordena as negociações. "Mas eu espero que o resultado seja mais do que uma simples declaração de princípios. A forma que eu gostaria de ver é a preparação para um acordo que seria implementado no próximo ano".
Os negociadores aceitam que será inevitável que os representantes das 192 nações presentes nas negociações não irão solucionar os problemas pendentes antes da conferência de Copenhague em dezembro. A diferença de posição entre países ricos e pobres, e até mesmo entre as nações mais ricas, é grande demais.
Os representantes dos 16 países de maior emissão de poluentes e a União Europeia, que concluíram uma reunião em Londres na segunda-feira, disseram ter feito progresso a respeito da ajuda necessária para que países pobres se adaptem à mudança climática e adotem tecnologias menos poluentes.
Eles também disseram ter estabelecido algumas questões sobre a "arquitetura" de qualquer acordo possivelmente estabelecido em Copenhague, reconhecendo que não chegará a ser um tratado.
Ainda assim, as expectativas permanecem altas para uma reunião que tem muito peso não apenas para o meio-ambiente, mas para uma ampla gama de assuntos internacionais, como comércio, segurança, desenvolvimento econômico, produção de energia, compartilhamento de tecnologia e a sobrevivência de algumas nações vulneráveis.
Portanto, as autoridades optaram por estreitar as expectativas e definir as áreas onde há acordo, como a necessidade de parar e inverter o aumento das emissões de gases causadores do efeito estufa, embora como e por quais nações ainda não se saiba. Os negociadores também discutem qual será a forma de qualquer declaração feita em Copenhague e como garantir que qualquer promessa feita em dezembro será cumprida.
Entre os principais obstáculos para um amplo acordo em Copenhague está a incapacidade do Congresso dos Estados Unidos de estabelecer uma lei para o clima e energia que determine cortes nas emissões dos gases causadores do efeito estufa no país. Sem tal compromisso, outras nações não querem fazer suas próprias promessas.
(The New York Times / Último Segundo, 21/10/2009)