Akuntsus, dizimados nos anos 1980, vivem isolados no sul de Rondônia. Ururu era a mais velha da tribo e morreu de causas naturais
Uma das últimas sobreviventes do povo indígena akuntsu morreu em Rondônia. Ururu, que tinha cerca de 85 anos e era a mais velha do grupo, estava doente e deixou apenas cinco familiares – os últimos representantes do seu povo, dizimado nas décadas de 1970 e 1980 durante a colonização do estado.
As informações foram divulgadas nesta segunda-feira (19/10) pela ONG inglesa Survival International e confirmadas pela Funai. “Ela faleceu há três semanas. Estava doente, tentamos levá-la para a cidade, mas ela preferiu ficar”, conta Elias Biggio, chefe da Coordenação-Geral de Índios Isolados da fundação.
Das cinco pessoas que restaram, outra também já está muito doente. É Konibu, irmão de Ururu e hoje o mais velho da tribo. Além dele, vivem lá sua esposa, duas filhas e um senhor de mais de 50 anos, filho adotivo da índia que faleceu. Caso as duas mulheres mais jovens não tenham descendentes – a mais nova já tem 25 anos –, os akuntsus desaparecerão. Segundo Biggio, a Funai não pode estimulá-las a namorar ou a terem filhos. “São eles [os índios] que têm que procurar isso.”
Últimos isolados
Os akuntsus são um dos últimos índios isolados contatados pela Funai. Em 1995, quando foram encontrados, ainda havia sete membros na tribo. Hoje eles vivem dentro da terra indígena Rio Omerê, que tem 262 km² e é dividida com os Kanoê. A história do massacre contra os índios e o reencontro com o homem branco podem ser vistas no documentário “Corumbiara”, de Vicent Carelli, que levou o prêmio de melhor filme no último Festival de Cinema de Gramado.
Mais informações sobre os akuntsus podem ser encontradas no site da Survival.
(Por Iberê Thenório, Globo Amazônia, 20/10/2009)