Uma operação conjunta da Polícia Federal com a Brigada Militar do Estado despejou nesta terça-feira (20/10) 23 ocupantes de lotes do Assentamento Filhos de Sepé, em Viamão, na região metropolitana de Porto Alegre.
A ordem judicial para a retomada dos terrenos para o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) foi expedida pela Vara Ambiental, Agrária e Residual da Justiça Federal de Porto Alegre, depois de cinco anos de processos acompanhados pelo Ministério Público Federal.
Segundo o Incra, os agricultores despejados cometeram irregularidades como arrendamento, compra e venda de lotes, plantio irregular de arroz não orgânico, cárcere privado de servidor e porte ilegal de arma. Como o assentamento está em área de proteção ambiental da bacia do rio Gravataí, seus ocupantes não podem cultivar lavouras com agrotóxicos.
Os móveis e animais foram carregados em caminhões e levados para endereços indicados pelos despejados ou, na falta de um local para entrega, para um depósito alugado pelo Incra em Encruzilhada do Sul, a 180 quilômetros de Porto Alegre, onde ficarão à disposição para futura retirada.
A pedido do Ministério Público Federal, os lotes vagos foram lacrados e permanecerão congelados por tempo indeterminado. Outras 353 famílias que não sofrem acusações de irregularidades seguem assentadas no Filhos de Sepé.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) emitiu nota ressaltando que sempre pressionou o Incra para que práticas como as cometidas pelos despejados fossem combatidas. Mas também fez uma crítica à autarquia ao lembrar que a demora para a demarcação dos lotes, viabilização da infraestrutura e liberação de créditos para o plantio obrigaram muitas famílias a buscarem outras alternativas de sobrevivência.
(JC-RS, 21/10/2009)