A Superintendência de Portos e Hidrovias (SPH) do Governo do Estado confirmou que está começando a dragagem no Rio Jacuí, trabalho que garante a retomada da navegação entre Cachoeira do Sul e Porto Alegre. A dragagem é uma necessidade das embarcações que dependem de pelo menos 2,5 metros de profundidade na hidrovia. Três embarcações da própria SPH (Draga Serrano, Chata SH5 e Rebocador São Sepé) estão recebendo manutenção no Porto de Triunfo e deverão subir o Rio Jacuí ainda essa semana para começar o trabalho que irá se estender por cerca de quatro meses.
Segundo o diretor superintendente da SPH, Gilberto Cunha, três pontos prioritários serão dragados para viabilizar o transporte mais econômico para os granéis que atualmente são transportados pela malha rodoviária. O primeiro ponto a receber licença da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) para ser dragado está localizado a 147 quilômetros de Porto Alegre, no chamado Baixio do Portão. Neste ponto será retirada a maior quantidade de sedimentos, cerca de 70 mil metros cúbicos. A dragagem deverá avançar futuramente para o Baixio das Piavas e para o Baixio das Caieiras. Cachoeira está a 230 quilômetros de Porto Alegre pelo Rio Jacuí.
INDÚSTRIAS - A dragagem do Rio Jacuí, balizamento e sinalização é uma reivindicação histórica de Cachoeira do Sul, pedido que ganhou força quando a cidade conquistou a instalação da Granol. Essa indústria sozinha viabiliza a navegação pelo Jacuí, pois garante anualmente o beneficiamento de pelo menos 300 mil toneladas de soja, volume que pode dobrar dependendo da oferta e procura do mercado pelo biodiesel. Junto com a Granol, a Coriscal, que já carregou esse ano dois barcos de arroz, irá aproveitar as vantagens desta modalidade de transporte.
Importante
O diretor da SPH, Gilberto Cunha, destacou ontem que outras empresas certamente serão beneficiadas com esse trabalho de dragagem e condições de navegação segura pelo Rio Jacuí. “Nós não estamos fazendo um serviço específico para essa ou aquela empresa. A Granol realmente tem mostrado maior interesse, mas acreditamos que todo o esforço é para desenvolver de uma forma mais ampla toda a região. A facilidade é para todas as empresas, pois o custo do transporte hidroviário é o mais barato que existe”, destaca Gilberto Cunha.
Atenção
A Coriscal manifestou interesse em levar suas cargas de arroz para o Nordeste brasileiro no início deste ano e chegou a carregar dois barcos. Para isso, ela firmou uma parceria com a Companhia Estadual de Silos e Armazéns (Cesa), que reformou seu terminal de cargas e proporcionou o embarque do cereal. A Granol, instalada no complexo da antiga Centralsul, tem um terminal próprio para embarcar farelo e até mesmo óleo. Desde o ano passado o Governo do Estado vem trabalhando em parceria com técnicos holandeses para decidir investimentos que aumentem a parcela do transporte hidroviário no Rio Grande do Sul. Atualmente as cargas são transportadas através dos seguintes modais: rodovias 80%, ferrovias 15% e hidrovias apenas 5%. A meta é elevar a fatia do transporte hidroviário para 15% até 2017, usando os 750 quilômetros de vias já navegáveis.
(Por Giuliano Fernandes, Jornal do Povo, 20/10/2009)