Deve ser divulgado em duas semanas o resultado do exame de sangue de Adrieli Chemin (19), moradora de Boqueirão do Leão que morreu sexta-feira com sintomas da gripe A. O material foi coletado e encaminhado aos Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacen), de Porto Alegre. “Ela estava há uma semana com dificuldades respiratórias. Havia sintomas, mas agora temos de esperar o resultado”, explica o coordenador regional de Saúde, Fábio Fischer.
Outros dois exames encaminhados pela 16ª CRS, de pacientes já curados, aguardam liberação do Lacen. De acordo com Fischer, a ausência de novas confirmações fez com que as pessoas reduzissem os cuidados. “Temos de manter os hábitos de higiene porque agora vai chegar o inverno nos Estados Unidos, então temos o temor de que a situação possa se agravar”, observa. “Os cuidados devem continuar, independentemente de haver uma epidemia ou não.” A família da vítima está sob monitoramento da Secretaria Estadual de Saúde.
Adrieli teve o primeiro sintoma - falta de ar - no dia 7 de outubro. Cinco dias depois foi internada no hospital de Boqueirão do Leão e, no seguinte, iniciou o tratamento com o Tamiflu. No dia 15 foi transferida para a UTI do Hospital Estrela. Ela apresentava um caso grave de infecção respiratória. Na última quinta-feira o sangue e a secreção nasal foram coletados e encaminhados para o Lacen. A 16ª CRS solicitou prioridade ao caso por ter havido óbito, mas por causa da demanda o resultado só deve ser conhecido em novembro.
Confirmados
Se a doença for confirmada, será o 15º caso de gripe A registrado no Vale do Taquari. O último foi em setembro. Segundo a coordenadora do Núcleo de Vigilância em Saúde da 16ª CRS, Lívia Maciel, a demanda por exames caiu 70% desde então. Chegaram a ser encaminhados três por dia. Hoje não passam de dois por semana. Em todo o Rio Grande do Sul já foram registrados 196 óbitos em razão da doença.
Novo surto
Autoridades brasileiras voltaram a se preocupar, desde setembro, com a gripe A. Um segundo surto da pandemia começou a se manifestar no mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). A situação preocupante em países como Estados Unidos e México fez com que a prevenção no Rio Grande do Sul fosse reforçada. A previsão é de que o Estado receba seis milhões de doses da vacina que previne este vírus para aplicar no primeiro trimestre de 2010.
As consequências da “nova onda” não foram percebidas no Hospital Bruno Born. Na última semana a instituição atendeu apenas dois pacientes com suspeita da doença. O diretor técnico do HBB, Cláudio Klein, afirma que “não há motivo para alarde”. Ele explica que a preocupação com um possível surto de gripe A é provocada pelo início do inverno no hemisfério norte - o que merece atenção, uma vez que a doença não vai desaparecer. No entanto, segundo Klein, entre os casos confirmados 80% foram considerados leves. “A diferença para as outras influenzas é a mortalidade em pessoas jovens”, observa.
(Por Danton Boattini Júnior, O Informativo, 20/10/2009)