O ritmo de construção de edifícios residenciais em Florianópolis é avassalador. A cidade cresce de forma desordenada em vários bairros e distritos. Até naquelas áreas de baixa densidade populacional, onde o trânsito fluía com alguma tranquilidade, nas horas de rush é o caos, com filas quilométricas. Tudo previsível. Numa via pública onde só habitavam proprietários e inquilinos de residências, de repente surgem dezenas de prédios com milhares de famílias a ocupá-los. Congestionamentos e mais congestionamentos para infernizar a vida dos motoristas, criando mais estresse e retirando uma das características positivas da cidade, a humanização promovida pela junção das belezas naturais com a receptividade de seu povo.
O Sul da Ilha teve multiplicada a população, e os governantes – todos – sequer se deram conta de que era necessário dotar a infraestrutura rodoviária de um acesso ampliado. Ficou tudo como estava antes. O Campeche cresceu desordenadamente, com ocupações ilegais, avanços no Plano Diretor e sem qualquer preocupação com áreas verdes e, sobretudo, parques infantis para as crianças e lazer para os adultos. Virou um pandemônio urbano. De bonito, mesmo, ficou a maravilhosa praia.
Os condomínios vêm se espalhando por áreas verdes do Pântano do Sul, Ribeirão da Ilha e arredores, sem qualquer planejamento. Outra vez tudo na maior improvisação. Caiu um caminhão na Ponte Colombo Salles? A ordem dada foi de elevar a altura das proteções metálicas do guard-rail, quando a engenharia de tráfego aplica em todo o mundo o afastamento da calçada desse sistema de segurança.
As filas das pontes que atormentam a vida de ilhéus, continentais, metropolitanos e turistas há anos, no período da manhã e no fim do expediente, início da noite, ganham dimensões gigantescas. E o que fazem as autoridades? Convocam especialistas para dar uma solução técnica? Negativo. Improvisam com corredor de ônibus. Vão conferir e o plano está furado, pelos perigosos cruzamentos e pela falta de exclusividade.
Fechamento
Quando a administração da prefeita Angela Amin anunciou a implantação do sistema integrado de transportes coletivos, ao lado do Mercado Público e exigindo travessia de duas avenidas, a cidade inteira perguntou: e o acesso dos pedestres? A resposta repetida tinha outra vez a marca da improvisação: sinaleiras controlarão o trânsito. Ninguém cogitou de passarelas para acostumar os milhares de usuários. Também não se falou na possibilidade de uma passagem subterrânea só para pedestres. Duas alternativas que se encontra em todos as cidades do planeta com um fluxo desses que se registra na capital catarinense.
Agora, a prefeitura fecha as duas avenidas que atuam como artérias vitais para facilitar o fluxo de veículos. Mais improvisação. Será um cenário de mais confusão e mais caos no já tumultuado trânsito de Florianópolis.
Santa Catarina tem cursos de Engenharia premiados no Brasil. A UFSC coloca no mercado profissionais destacados em Arquitetura. O Crea catarinense é considerado um dos mais qualificados do país. Vai-se conferir, só dá improviso. O Viaduto Ariel Bottaro Filho, ao lado do Cemitério do Itacorubi, afunila no final. O Viaduto Vilson Kleinübing teve uma recente improvisação, para permitir o retorno dos veículos que saem da SC-401 e se dirigem ao leste da Ilha. O viaduto de Capoeiras parece piada de português.
É pouco? A temporada está chegando. Esperem! Vem por aí mais improvisação.
(Por Moacir Pereira, Diário Catarinense, 20/10/2009)