Acelerar o aproveitamento das jazidas de urânio do país é uma das diretrizes da Estratégia Nacional de Defesa. Lançado por Lula em dezembro de 2008, o plano dedica duas páginas à defesa do domínio da tecnologia nuclear. O documento rejeita novos acordos internacionais que limitem o desenvolvimento da tecnologia de energia nuclear no país, como a ideia defendida pelos EUA de criar um banco de urânio enriquecido em grau suficiente para ser usado na geração de energia. A proposta manteria as atividades de enriquecimento de urânio sob controle de organismos multilaterais.
A bomba atômica usa urânio enriquecido a um grau bem superior ao do usado nas usinas e na propulsão de submarinos. "A ideia em discussão é abortar a construção de fábricas de enriquecimento de urânio nos países, sobretudo por causa do programa nuclear iraniano", diz Guilherme Camargo, presidente da Aben (Associação Brasileira de Energia). O Brasil já tem fábrica, em Resende (RJ).
"O Brasil zelará por manter abertas as vias de acesso ao desenvolvimento de suas tecnologias de energia nuclear", diz a Estratégia Nacional de Defesa. O documento critica o aumento das restrições do TNP (Tratado de Não Proliferação Nuclear) e defende o submarino de propulsão nuclear e o desenvolvimento em escala industrial de todo o ciclo do combustível nuclear.
(Por Marta Salomon, Folha de S. Paulo, 19/10/2009)