Apesar de sua aparência nada agradável e de serem abominados por muitas pessoas, os anfíbios exercem um papel importante na natureza, por serem predadores de insetos como mosquitos e moscas, além de pequenos peixes e pássaros, e assim contribuem para o equilíbrio na cadeia alimentar. O nome sapo é uma designação genérica de anfíbios da ordem Anura, e em especial da família Bufonidae. No entanto, não sendo uma designação científica, aplica-se também a outras famílias. Por exemplo, o sapo-parteiro pertence à família Discoglossidae, da qual fazem parte também as rãs-pintadas. Existem cerca de 4,8 mil espécies de sapos. A maioria deles vive próximo de uma fonte de água, muito embora existam os que habitam ambientes úmidos, que não são considerados aquáticos, como a serapilheira de florestas tropicais úmidas.
Os anfíbios dependem da água para a postura de ovos (que não têm casca) e para manter a pele úmida, o que é ecessário para realização da respiração cutânea (a troca de gases é feita pela pele). A respiração cutânea é necessária, pois a respiração pulmonar não é completamente eficiente. Depois de alguns dias de postos, dos ovos saem girinos, que respiram por brânquias, apresentam cauda e não têm pernas. Com o tempo o girino perde a cauda e desenvolve pernas posteriores e anteriores, além de trocar a respiração branquial pela pulmonar e pela cutânea, até deixar a água, ao término das transformações.
Os sapos capturam suas presas ao lançar para fora da boca a língua muscosa, longa e pegajosa, presa ao assoalho da boca pela extremidade anterior.
Reprodução
Quando chega sua época de reprodução, na primavera, os sapos coaxam para atrair as fêmeas. Quando se encontram, o macho abraça a fêmea, posicionado sobre ela. Durante o abraço, macho e fêmea eliminam seus gametas no mesmo instante. Formam-se então ovos, envolvidos por muco, para que, assim, se prendam com facilidade em pedras e plantas aquáticas. Após algum tempo os girinos saem dos ovos e já sabem nadar, o que fazem ativamente. Ainda não existe um inventário completo, na bacia do Taquari/Antas, sobre todas as espécies existentes. A informação é do biólogo e professor do Centro Universitário Univates Hamilton Grillo, mas já existem estudos acadêmicos em andamento com o objetivo de conhecer melhor esses organismos vivos.
O que se constata é a presença de duas a três espécies de rãs, meia dúzia de espécies de sapos e grande número de pererecas. Como cada grupo possui hábitos alimentares diferenciados, tem também funções que variam na natureza. Os anfíbios, no entanto, têm como alimento básico os insetos. As pererecas, por exemplo, possuem tendência arborícola e buscam sua comida em áreas mais altas e úmidas. O caso das rãs já é diferente, em vista de necessitarem de um volume maior de água para viver. Por isso durante a maior parte de sua vida vivem imersas em banhados e rios e se alimentam não apenas de insetos, mas de outros organismos que caibam em sua boca e vivam nas proximidades.
Cadeia alimentar
Quando há escassez de alimento, podem, inclusive, desenvolver canibalismo, predando girinos de outro casal. O sapo, por seu turno, vive mais em terra e não tem a água como elemento fundamental para sua sobrevivência, segundo Grillo. Todos os três tipos de animais citados dependem da água para reprodução. Na cadeia alimentar não apenas são predadores como também podem se transformar em presas de serpentes, aves aquáticas e mamíferos como o graxaim. O professor da Univates diz que há indícios - que passam a ser alvo de estudo - de que os anfíbios possam atuar como bioindicadores de qualidade ambiental, tanto da água quanto da atmosfera.
De acordo com observações já feitas quando da abertura de picadas e fragmentação de matas, há o desaparecimento dos anfíbios, já que nesse caso a umidade do ar é reduzida e há maior penetração dos raios solares. “Essa situação cria indicadores de alterações ambientais”, coloca o biólogo. Outra possibilidade analisada é de que no Vale do Taquari ainda existam espécies desconhecidas para a ciência, segundo Grillo.
Espécies estranhas
Além das espécies nativas do Rio Grande do Sul, muitas delas conhecidas, há algumas estranhas, introduzidas em nosso meio para produção comercial de carne e couro, caso da rã touro gigante, trazida dos Estados Unidos. Como essa tentativa não deu certo, os animais remanescentes de ranários foram lançados no ambiente natural e se tornaram um problema, por serem predadores de espécies aqui existentes. O impacto no ambiente, segundo explica o biólogo, foi bastante expressivo e repercute até hoje. No final de suas considerações ele destaca que um estudo mais aprofundado poderá levar à descoberta de novas espécies na região, que podem ter muita importância para os meios científicos.
(O Informativo, 19/10/2009)