Mudar a realidade do planeta em que vivemos depende de pequenas ações. Não jogar lixo no chão, reaproveitar óleo de cozinha e transformar recipientes descartáveis em brinquedos não são revoluções, mas são os primeiros passos para modificar comportamentos em prol de um mundo melhor. Meio ambiente é assunto que invadiu as escolas, especialmente nos últimos anos quando o tema virou modismo. Mas, muito além de tendência, ensinar aos pequenos conceitos de reciclagem e preservação deve ser atividade cotidiana.
Experimente dar uma caixinha de leite vazia para uma criança. Logo, o que parece lixo a ser descartado na visão de um adulto, com um pouco de imaginação vira um brinquedo. Centenas de caixinhas juntas podem, então, virar uma casinha para divertir a criançada. E, na brincadeira, meninos e meninas de dois, três, quatro anos vão internalizando conceitos para quem sabe, no futuro, reduzir as 400 toneladas diárias de lixo coletados pela Companhia de Desenvolvimento de Caxias (Codeca). Isso sem contar o que é descartado indevidamente na natureza.
A casa de caixinhas de leite foi construída no pátio interno da Escola de Educação Infantil Anilde Maggi, no bairro São Caetano. Desde abril, os pais das crianças, entre dois e cinco anos, foram orientados a levar para o colégio as embalagens vazias. Não pense que a construção envolveu somente as profes: os pequenos trabalharam para limpar as caixinhas com panos, os maiorzinhos abriram os recipientes com tesouras sem ponta e encheram de jornais amassados. As tias colaram com cola quente.
E lá está a casinha há cerca de duas semanas, com cortinas de papel e floreiras de potes de iogurte. Pergunte quem gosta de brincar na casinha e verá 41 bracinhos – total de alunos da escola – erguidos. Os pequenos também aprenderam a fazer brinquedos com material reciclado. O preferido dos guris é o futebol de botão, com quadra de papelão e jogadores e bola de tampinhas de garrafas pet.
– A gente tentou envolver todos para que eles sintam a importância. Com isso, as professoras ensinam as consequências de descartar o lixo e o mal que ele pode trazer – explica a coordenadora da escolinha, Sandra Cadoná.
Com retalhos trazidos de casa pelas crianças, as professoras mandaram costurar uma colcha que é o xodó da gurizada. Cada dia é a vez de um deles dormir com o cobertor. O que não foi usado na peça, foi parar numa tela que enfeita o corredor. Agora, a escolinha pretende usar restos orgânicos da cozinha para adubar uma horta.
(Por Kelly Pelisser, O Pioneiro, 19/10/2009)