O vírus da gripe A H1N1 deverá ser incluído na vacina contra a gripe sazonal do próximo ano, segundo o pneumologista Filipe Froes. "No Hemisfério Sul, que já saiu da época de inverno, já foi determinada qual será a composição da vacina sazonal para 2010 e esta estirpe já vai estar conjuntamente com mais duas", disse o médico à Agência Lusa.
Provavelmente, irá acontecer o mesmo na vacina sazonal para o Hemisfério Norte, destacou, ressalvando que será necessário observar a evolução do vírus durante este inverno. Sobre o que é previsível acontecer a este vírus, o especialista comentou que "deve acontecer o mesmo que às outras estirpes anteriores".
"Eles entram em circulação na população a nível mundial, provocam taxas de ataque elevadas pela ausência de imunização. À medida que as pessoas vão sendo vacinadas, o vírus não consegue manter o mesmo ritmo de infecção e passará a ser integrado no equilíbrio normal que existe entre os vírus influenza", explicou.
Pedro Simas, pesquisador da Unidade de Patogênese Viral do Instituto de Medicina Molecular, adiantou que, em termos evolutivos, "este vírus, como antigenicamente é mais competitivo do que os dois vírus circulantes sazonais, pode vir a desalojar um dos outros vírus e passa a ser o vírus predominante nos próximos anos". Prevê-se que nos próximos anos vá afetar toda a população do mundo e passa a ser um vírus que circula normalmente como um vírus sazonal", explicou à Lusa.
Com o fim do inverno no Hemisfério Sul, foram aprendidas algumas "lições", sobretudo que o "vírus está estável, não sofreu qualquer mutação", adianta o pesquisador. "O que aprendemos foi que o vírus está estável, não aumentou de virulência e que causa uma gripe, que pode ser complicada nos grupos de risco, como qualquer vírus da gripe, mas que nas pessoas saudáveis não é uma infecção complicada", comentou.
Para o pneumologista Filipe Froes, as pessoas já perceberam que há vários tipos de gripe e já nem confundem a gripe com a constipação, como confundiam antigamente. "Há nitidamente uma evolução no conhecimento populacional no sentido de que há uma gripe pandêmica, uma gripe sazonal e a constipação", destacou.
Sobre a previsão de como será o comportamento do vírus no Hemisfério Norte, Pedro Simas afirmou que "não há qualquer indicação de que seja diferente daquilo que se previu no início da pandemia, de que afetará cerca de um terço das populações".
Para ele, "se a vacinação for utilizada de uma maneira racional, será uma forma muito útil e eficaz de controlar a disseminação do vírus e a pandemia".
(Por Helena Neves, Lusa / UOL, 18/10/2009)