Um dos trabalhadores que estava no canteiro de obras da Fase C, na madrugada do último dia 14, no momento do acidente que vitimou Júnior Paulo Ferreira, 48 anos esteve, na manhã de ontem, na redação do Jornal MINUANO, para contar os momentos de angústia que presenciou.
O colega de Ferreira na empresa Iesa pede para não ser identificado, pois teme represálias da empreiteira. De acordo com o mecânico, de 56 anos, vindo do Paraná, ele e Ferreira estavam colocando alguns quebra-cantos (um tipo de proteção), nos painéis quando os cavaletes cederam. “Ele se abaixou para pegar uma peça de quebra-canto, quando tudo veio abaixo e o apertou. Ferreira estava com um mau pressentimento: não queria trabalhar naquele dia. Tentou pegar o ônibus de volta, mas acabou perdendo o horário”, contou.
Para o operário, as condições de segurança no canteiro de obras são péssimas. À noite, quase não haveria iluminação no local onde ocorreu o acidente. O mecânico contesta a nota da empresa que diz ter havido atendimento imediato. “Não tinha como retirá-lo debaixo daquelas placas. Cada uma pesa toneladas. Ninguém conseguia levantar, nem para passar o cabo do guindaste. O pessoal demorou mais de uma hora para tirá-lo de lá. Essa conversa de que ele morreu a caminho do hospital é bobagem. Ele morreu na hora”, desabafa.
Defensoria Pública da União
Por meio de nota, o defensor público da União, Robson de Souza, afirma que prepara uma série de medidas indenizatórias contra o consórcio da Fase C de Candiota. Segundo o documento, o objetivo é reduzir o número de acidentes de trabalho. Dentre as medidas solicitadas pela DPU está o embargo das obras junto ao Crea, e a suspensão dos financiamentos do BNDES às empresas e o Grupo Citic. Souza salienta que a CGTEE e a União também serão responsabilizadas.
(Jornal Minuano, 16/10/2009)