Quem ainda não tinha compreendido a urgência de agir para evitar os efeitos das mudanças climáticas, teve a oportunidade de entender, na Terça Ecológica do Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul, NEJ/RS, dia 13/10, que trouxe como palestrantes o mestre em Ecologia Vegetal pela Ufrgs e vice-presidente da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), Celso Waldemar, e a bióloga do Museu de Ciências da Fundação Zoobotânica do RS, Luiza Chomenko, doutora em Ecologia para debater “Mudanças Climáticas – Preparativos para a 15ª Conferência das Partes da Convenção do Clima (COP 15)”.
Luiza disse que as informações chegam dispersas e que por isso torna-se difícil compreender a gravidade dos problemas climáticos. Por isso, ela indica que o cidadão seja crítico na leitura de todas as notícias e que não fique esperando por uma atitude dos governos, apesar de concordar que são fundamentais as políticas públicas, como na área de energias renováveis. “O agronegócio é competitivo porque não coloca na balança a matéria-prima água que utiliza, e muitos países já sofrem com a escassez deste recurso natural e finito; o crescimento populacional e a degradação causada pelo homem está sim causando mudança no clima, temos que avaliar a ocupação dos espaços como no Bioma Pampa, se estamos realmente protegendo como está na Constituição Estadual,” disse.
Conforme explicou, o meio ambiente trabalha com ações a médio e longo prazo, o que extrapola o período dos governos, que a cada quatros anos decidem suas políticas. Sugeriu a mudança na matriz energética brasileira, não ficando apenas com a energia de hidrelétricas, ainda tida como limpa nos casos das pequenas e locais, com a inclusão de energia eólica e solar, por exemplo. Além das ações individuais e coletivas, como redução no consumo em geral. Luiza criticou a medida do governo de reduzir o imposto dos carros, facilitando a sua aquisição. Para ela, o mais adequado ao momento climático seria investir estes recursos em transporte coletivo e ciclovias.
Celso disse que só a rapidez numa resposta poderá evitar maiores danos aos já sofridos pelas comunidades, como em Santa Catarina, que teve o primeiro furacão em 2004, na cidade de Araranguá e, em setembro último, três tornados no interior do estado. Presente na plateia, Lúcia Ortiz, da direção dos Amigos da Terra Brasil, contou que esteve no II Encontro Sobre Fenômenos Naturais em Araranguá, na semana passada, e que lá a população e os governos locais estão conscientes e criando soluções reais, como a diversificação da produção e a valorização da economia local.
Na contramão, está o governo do Estado de Santa Catarina que faz vigorar uma lei ambiental que não protege nem os seus cidadãos, ao permitir o plantio e outros usos em áreas de proteção permanente como a margem de rios ou em encostas de morros. Os ambientalistas torcem para que a população desperte sobre o que está acontecendo e mude os seus hábitos, e que não espere os fenômenos se intensificarem ainda mais. Que os comentários sobre a intensa e constante chuva em setembro e a seca atual em Manaus, ultrapassem o limite do bate-papo com amigos.
Eles ainda sugeriram a adesão das pessoas a ONGs, ações e movimentos de proteção ao meio ambiente e ao planeta, como o TicTac e 350ppm. Sem esquecer da fundamental pressão no governo Lula para que vá a Copenhague, participar da Conferência do Clima, em dezembro, levando uma proposta de redução de emissões de gases de efeito estufa séria e que não se perca com falsas soluções como os mecanismos de mercado (créditos de carbono e outros).
(Por Eliege Fante, EcoAgência, 15/10/2009)