O MST admite ter destruído 2 hectares de plantações de laranja da empresa Cutrale. No entanto, foram imputados ao movimento outras atitudes que ele nega, tais como a destruição de tratores, roubo de combustíveis e furto de pertences pessoais de trabalhadores da fazenda.
"A gente fica bastante sentido da imprensa ter dito isso. Estamos atrás de terra e não de outra coisa. Teve gente que não era do movimento, gente da cidade, que não sabíamos nem quem era. E falavam que estavam 'só dando uma olhada...'", conta Cristina, do acampamento Rosa Luxemburgo, que participou da ocupação na Cutrale, mas prefere não revelar o sobrenome.
O MST cobra das autoridades uma investigação independente sobre o que aconteceu na área. A assentada Andréa do Carmo Pio, que também participou da ação, reforça que não sabe o que ocorreu depois que as famílias deixaram a ocupação. "Eles [polícia e funcionários da Cutrale] forjaram isso para queimar a imagem do movimento, não são burros. Nós deveríamos ter um advogado para vistoriar", lamenta.
Em nota oficial, a direção estadual do MST alega que, se esses atos tivessem ocorrido, a polícia - que monitorou todas as ações do movimento na área - teria registrado as imagens, tal como captou as do laranjal. Sobre os pertences dos agricultores que moram no local, o MST-SP afirma que, em acordo com os trabalhadores, as casas foram desocupadas e trancadas, logo após a ocupação. "Em todas as nossas ocupações, sempre respeitamos os trabalhadores e zelamos por sua segurança", pontua a nota.
Imagens divulgadas em emissoras mostram tratores desmontados na fazenda. Esse desmonte seria resultado do vandalismo dos sem terra, segundo a imprensa. No entanto, o MST fez uma revelação que contesta essa versão: "Uma empresa com esse porte possui oficina mecânica dentro das fazendas e, portanto, faz a manutenção das suas máquinas dentro da própria área. As imagens mostram tratores e peças que já estavam abandonadas e desmontadas antes das famílias chegarem lá. Quem tem que responder pelo estado dos equipamentos é a Cutrale, e não o MST", afirma o movimento.
Os trabalhadores rurais também foram acusados de levar 15 mil litros de combustível ao desocuparem a fazenda. "Não foi roubado nenhum tipo de combustível ou veneno. No momento em que saímos, a PM estava lá e eles viram que não tínhamos nada no caminhão, que carregava dois fogões e mantimentos", reforça Andréa.
(Por Luís Brasilino e Renato Godoy de Toledo, com colaboração de Eduardo Sales de Lima, Brasil de Fato, 15/10/2009)