Depois de “quebrar” e retornar ao mercado como produtora mundial de celulose, a Fibria – incorporação entre a Aracruz Celulose e a Votarantim Celulose e Papel (VCP) – confirmou que irá retomar o plantio de eucalipto da Veracel 2, mantendo, assim, os planos de expansão da monocultura do eucalipto no sul da Bahia.
A Veracel é uma joint venture que a empresa mantém com a finlandesa Stora Enso, e para dar continuidade ao plantio a Fibria teve que vender a sua unidade em Gaíba, no Rio Grande do Sul, para a chilena CMPC, por US$ 1,43 bilhão.
A previsão dos ambientalistas com construção da segunda fábrica da Veracel, prevista para produzir 1,5 milhão de toneladas por ano de celulose, é de desastre iminente. Segundo eles, a do norte do Estado e a do sul da Bahia são praticamente uma coisa só e sua expansão só traria mais impactos para ambos os estados.
No ano passado, por exemplo, a Justiça Federal na Bahia condenou a Veracel a recuperar 96 mil hectares de mata atlântica (área pouco menor que a cidade do Rio de Janeiro), que destruiu para plantar eucalipto.
Para eles, os planos da Fibria mostram que sua atuação não será diferente da antiga Aracruz Celulose, acusada de desmatar e gerar inúmeros impactos ambientais e sociais, e que, apesar de continuarem se expandindo em novas áreas, ainda não desocuparam aquelas que são tradicionalmente quilombolas, no Espírito Santo.
Antes de se tornar Fibria, a Aracruz Celulose e a Stora Enso dividiam em partes iguais as ações da Veracel. Juntas, desmataram mais de 50 mil hectares de mata atlântica no Estado. A empresa usa, até hoje, as chamadas capinas químicas – um coquetel de agrotóxicos, com predominância de herbicidas e formicidas – nos eucaliptais. Os venenos contaminam a terra, a água, a fauna e a flora. E contaminam também os poucos moradores, como os quilombolas, que resistem em pequenas propriedades em meio aos eucaliptais.
Além da Veracel 2, a Fibria poderá pôr em pé outras duas fábricas até 2020.
(Por Flavia Bernardes, Século Diário, 14/10/2009)