A governadora do Pará, Ana Júlia Carepa (PT), voltou a defender a construção da hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu (PA), nesta terça (13/10), durante o evento Diálogos Capitais, organizado por revista Carta Capital e Agência Envolverde para discussões sobre economia sustentável. "O impacto da usina será diferente do previsto no projeto original. A usina vai substituir as termelétricas. Graças a outra usina, a de Tucuruí, o arquipélago de Marajó agora terá energia firme", argumentou, ao ser questionada sobre os impactos sociais e ambientais da usina.
Para a governadora, o projeto se justifica porque uma das condições para que obra seja autorizada pelo Estado será a garantia de que parte da energia gerada abasteça a população do Pará. "Não aceitamos mais só gerar energia para enviar a outras regiões. Exigimos que haja um plano de integração regional e parte da energia fique no Pará".
Ela disse que outra exigência é de que parte do ICMS- Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Seviços- sobre a energia de Belo Monte seja cobrada no local da produção, e não no lugar do consumo, para gerar receita ao Estado. Voltando ao assunto dos impactos ambientais e sociais da usina, Ana Júlia ainda disse que é a favor da reavaliação dos custos financeiros da obra. "Já que vai ter esses impactos, somos a favor de incluir no custo da usina os gastos que haverá com a transmissão da energia do local de produção até as regiões consumidoras. Os custos têm que compensar".
Financiamento das usinas
A superintendente de Desenvolvimento Sustentável do Grupo Santander, Linda Murasawa, que participou do debate com a governadora, disse que o banco, no Brasil, está em fase de implementação dos Princípios do Equador - critérios de sustentabilidade para a liberação de investimentos. Por outro lado, ela sinalizou interesse do grupo financeiro na concessão de recursos à construção de hidrelétricas na Amazônia, apesar dos impactos que esses empreendimentos geram à floresta.
"O Santander Brasil está em fase de implementação desses princípios, que são voltados a projetos mais estruturados, que custam acima de 10 milhões de dólares. As usinas na Amazônia estão sendo levadas em consideração", disse.
(Por Fabíola Munhoz, Amazonia.org.br, 14/10/2009)