Políticas de REDD - Redução de Emissões para o Desmatamento e Degradação - estarão entre as propostas do Brasil para redução das emissões de gases causadores do efeito estufa, que serão apresentadas pelo país na próxima discussão internacional sobre mudanças climáticas, que acontece em dezembro, em Copenhague (Dinamarca).
A informação foi dada por Sérgio Barbosa Serra, embaixador extraordinário de mudanças climáticas do Itamaraty, durante sua participação no evento "Diálogo Capitais", que foi promovido por revista Carta Capital e agência de notícias Envolverde e aconteceu nesta terça (13/10), em São Paulo.
"A maior parte das emissões no Brasil tem como causa o desmatamento. O grosso do comprometimento do país estaria, então, na redução do desmatamento, com políticas de REDD ou REDD plus, que inclui a gestão sustentável e a valorização das florestas, para manter os estoques de carbono", afirmou.
De acordo com o diplomata, a expectativa se justifica pelo fato de o Brasil já ter prometido que apresentará números ambiciosos como metas para a redução de emissões de carbono. "O Brasil também prevê ações de redução de emissões que não resultem na redução de emissões absoluta, mas em crescimento sustentável da economia, que reduza significamente a curva de ascensão das emissões do país", declarou.
Ele diz que as metas de redução de emissões brasileiras serão orientadas pelos dados do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), que apontou a necessidade de que todos os países reduzam suas emissões entre 25% e 40%. No entanto, para Serra, em linhas gerais, é possível que o resultado de Copenhague seja tímido e apenas configure um impulso para futuras discussões.
Isso, segundo ele, devido a discordâncias entre União Européia e Estados Unidos, e também por dificuldades do governo americano em fazer o Congresso aprovar uma lei nacional que estabeleça metas de enfrentamento das mudanças climáticas. Quanto a esse ponto, ele diz que o papel do setor empresarial é determinante sobre os rumos das negociações, podendo ser um motor ou um freio aos avanços das discussões.
O presidente do Instituto Ethos, RicardoYoung, que mediou o debate da manhã, manifestou opinião convergente. Para ele, embora alguns empresários queiram manter o estado atual da economia, a maior parte das empresas vê, em Copenhague, oportunidades para investir em um novo modelo de desenvolvimento. "As empresas precisam de garantias de médio e longo prazo e querem decisões do governo nesse sentido. Só a partir de um novo marco regulatório, elas poderão buscar capacitação para um plano de estratégias: inovações, tecnologia e capital intelectual", afirmou.
Sérgio França Leão, diretor do Departamento de Saúde, Segurança do Trabalho e Meio Ambiente, da Odebretch, que esteve no evento, concordou com Young. "O Brasil não pode deixar de apresentar uma decisão em Copenhagen. Hoje é exigência da sociedade que as empresas tenham um balanço de sua emissão de carbono e apresentem políticas de mitigação. As empresas que não atenderem ao que os consumidores exigem podem perder seu negócio", disse.
Embora tenha afirmado que as mudanças climáticas geram oportunidade de negócios novos, o empresário não perdeu a oportunidade de criticar o licenciamento ambiental de empreendimentos. "Os processos devem ser seguros, mas também precisam ser rápidos. O governo deve simplificar os mecanismos para que as empresas possam desempenhar papel central nessa nova economia. As coisas precisam ser menos burocráticas".
(Por Fabíola Munhoz, Amazonia.org.br, 14/10/2009)