O instituto quer saber qual foi a extensão do impacto gerado pelo vazamento, ocorrido na última semana. Segundo a Transpetro, já foi realizada a remoção total do resíduo na praia mais próxima. Entretanto, pescadores querem a confirmação de que toda a região não foi impactada.
Isso porque outros vazamentos já ocorreram e a expectativa é que, com provas do impacto, algo seja feito para impedir a repetição do problema. Segundo eles, o vazamento não atingiu apenas a praia ao lado do terminal. Já a Transpetro informou em nota que “já realizou a remoção total do resíduo de petróleo na praia próxima ao Terminal Norte Capixaba, no município de São Mateus”.
A empresa preparou um relatório preliminar sobre a ocorrência e o encaminhou ao Iema e à Secretaria do Meio Ambiente do município. A nota informa ainda que a empresa não detectou indícios de óleo no mangue e que o monitoramento será realizado em dias alternados, por trinta dias, apenas na praia próxima ao terminal.
Já o monitoramento do Iema deverá apurar com os moradores locais e os pescadores da região quais são os pontos nos quais foram vistos sinais de contaminação de óleo para apurar a denúncia da comunidade de que o óleo atingiu 10 km da costa na região. Técnicos do órgão estiveram na região, mas, devido à maré alta na ocasião, eles não conseguiram chegar ao local do acidente. No dia seguinte, a equipe da Transpetro já havia efetuado a limpeza da área.
A informação dada na ocasião pela subsidiária da Petrobras é que o vazamento foi causado pelo rompimento do mangote (equipamento que faz a transferência do óleo) que abastece os navios. Apesar de reconhecer o defeito no equipamento, a empresa não informou se a falha foi gerada por falta de manutenção. Apenas informou que o mangote é de uma marca conceituada no mercado e que uma investigação interna foi aberta para averiguar todas as possíveis causas para do defeito.
Em 2008, uma falha no mangote da Transpetro, no seu terminal em Tramandaí, também gerou vazamento de óleo contaminando oito quilômetros da costa local. E, segundo os pescadores, os vazamentos na região são comuns, mas nunca a comunidade conseguiu provar a culpabilidade da empresa. Desta vez, o vazamento foi fotografado pelos pescadores.
Segundo eles, a cada vazamento a pesca é prejudicada, assim como a cata de caranguejo, já que os mangues ficam tomados de óleo, afetando a economia local e a qualidade de vida da população.
O Terminal Norte Capixaba (TNC) da Transpetro fica em Barra Nova, no município de São Mateus, e é motivo, entre comunidade, ambientalistas e Petrobras desde sua instalação. Segundo os pescadores, a área onde fica o terminal era a Reserva Biológica de Barra Nova, que foi cancelada em 2003 pelo então prefeito de São Mateus, Lauriano Zancanela (PSB), com o apoio da Câmara Municipal.
A área era caracterizada como de restinga e manguezal. Portanto, Área de Preservação Permanente (APP). Na ocasião, a Associação Capixaba de Proteção ao Meio Ambiente chegou a denunciar irregularidades no processo de licenciamento do empreendimento ao Ministério Público Federal (MPF), mas nada foi feito.
(Por Flavia Bernardes, Século Diário, 13/10/2009)