Está confuso como o grasnar estridente das araras o caso das duas aves que apareceram trucidadas no centro de São Leopoldo, na segunda-feira. Nesta terça-feira (13/10), o titular da 1ª Delegacia de Polícia Civil do município, Clóvis Fernando Loureiro, anunciou que passará a investigação à Polícia Federal.
Loureiro observou que a apuração sobre o massacre das araras “não é bem o viés” de uma DP porque pode envolver tráfico internacional de animais. O crime poderá ser assumido pela Delegacia de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente e o Patrimônio Histórico (Delemaph), órgão especializado da PF. Ontem, a assessoria da Delemaph informou que vai analisar se tem competência para investigar.
Há um leque de suposições sobre os motivos para a barbárie contra as duas araras, que tiveram as patas arrancadas (possivelmente para a retirada de anilhas) e sofreram outras mutilações: uma estava sem a cabeça, a outra foi depenada. Para a superintendência regional do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o crime pode estar relacionado à “Operação Cantoria”.
Realizada em 22 de setembro, entre Ibama e PF, a operação desarticulou uma organização criminosa que duplicava a numeração de anilhas, para que fossem usadas em mais de um pássaro, dando aparência legal. O inquérito da Cantoria, que já tem sete indiciados, deve ser concluído em 20 ou 30 dias. Para a superintendência do Ibama, quem se desfez das duas araras, tentando apagar provas, poderia estar com anilhas ilegais.
Mas a cogitação do Ibama esbarra num detalhe: por que o criminoso deixou uma das araras no chão e outra numa lixeira? Estavam tão à vista que foram encontradas por dois integrantes da Associação dos Patrulheiros Ecológicos de São Francisco de Assis, o casal Rogério Luiz Brandt e Sara.
(Zero Hora, 14/10/2009)